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TAP - Não me é usual comentar em post este tipo de tema. Mas no caso da TAP abro uma exceção. Isto surge de um comentário do “zé Laranja” sobre o facto de eu considerar que a esquerda fala muito "à esquerda", mas como todo a gente decide "à direita". A diferença entre os dois é o momento em que isso ocorre sendo que os segundos fazem-no com base em expected outcomes que antecipadamente computam (muitas vezes corretamente mas naturalmente nem sempre) e os primeiros de forma algo bayesiana, fazem um processo em que as coisas são continuamente reavaliadas até que chegam à conclusão na maioria das vezes são iguais à conclusão e processo de decisão que a direita tomou lá atrás. O problema, é que nem sempre os resultados de uma decisão tomada lá atrás é o mesmo de uma decisão tomada extemporaneamente muito tempo depois.
A TAP, vai continuar privatizada. Claro que vai!
A TAP vai continuar privatizada e com a maioria do capital privado, porque o mercado, ou os mercados, aonde a TAP labora, ou seja a indústria à qual pertence, está em mudança. A probabilidade da TAP sobreviver sem ser no contexto completamente liberalizado em que a sua indústria se tornou é efetivamente 0%. E, curiosamente se houve entidade ou entidades que destruíram completamente a hipótese de continuar a haver companhas aéreas de bandeira foram as instituições Europeias que permitiram todas as liberdades do mundo às low costs (e provavelmente bem) e como tal a TAP, como outras empresas noutras indústrias, tem que se reinventar.
A TAP sendo uma empresa que exporta mais de 80% do seu produto, sendo uma empresa que vende em mercados à volta do planeta inteiro, tem que possuir o dinamismo necessário à sobrevivência na concorrência direta com todos os que providenciam a mesma oferta que a TAP. Isto é o epicentro do conceito de concorrência sendo o oposto do conceito de estatal que existe para servir os interesses de uma determinada subpopulação.
Só se sobrevive na indústria do transporte aéreo se houver sinergias com outras empresas com domínio de outros mercados (essencialmente mercados internos grandes), se houver uma simplificação total de processos que permitam a venda, o lidar com a procura, num mundo de Marketing e canais Digital, se houver uma oferta de experiencia a bordo inovadora e moderna (como novos aviões) … tudo coisas que são muito, mas muito, difíceis fazer quando se está na esfera dos interesses de um estado e quando até o dialogo de decorre é, à luz de um mundo moderno, disfuncional.
Claro que a TAP vai continuar privada, claro que vai fomentar grandes sinergias com a AZUL, claro que vai incrementar parcerias com empresas do grupo gateway do neeleman para efeitos de metasearches e OLAs, claro que vai fazer interline e code-share com a jetblue e vai implementar novos conceitos de retailing e branding sales em conjunção com estas e outras entidades, etc.
Ora, com isto é claro que vai reduzir a sua participação no PIB (que é considerável) vai reduzir pessoal e pagar menos ordenados em Porgugal, vai comprar menos bens e serviços em Portugal, sim, mas pelo menos vai existir. E vai estar aqui a contribuir para a riqueza do país versus nem existir - Porque essa é mesmo a outra opção. É só que o Antonio Costa vai levar algum tempo a perceber isto.
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