“Perfect Math plus bad assumptions still makes bullshit! …while error in math exist… the failure of models to match the real world far more likely due to wrong assumptions”
…Isto vindo de Gavin Schmidt o mais temido dos defensores dos modelos e da teoria do desequilíbrio radiativo por indução de Co2 na atmosfera.
Pedi autorização ao Pedro Faria para fazer o post com base no comentário dele ao meu post “Pensamento abstracto … ou porque o Aquecimento global é coisa de esquerda” e ele graciosamente acedeu. Assim:
Primeiro gostava de dizer ao Pedro que, quando o tema são as alterações climáticas, não é vantajoso colocar como referência nem o Guardian, nem o Skeptical Science do Dana Nuccitelli, porque isso equivale a falar de economia e citar o jornal Avante. Seria como eu colocar referência ao Mail ou ao WattsUpwithThat. Não há necessidade (pese embora em ética o WUWT dê baile ao SS). Tal como falar sobre o sumário for policy maker pouco mais que isso também é.
Ok, mas vamos lá por partes:
Quando diz "que não existe qualquer efeito no clima ou em fenómenos atmosféricos relacionados com o aumento da temperatura global do planeta" e fala do AR5 esta-se a referir exactamente a quê? É que lendo apenas o sumário para Policy Makers é bastante explicito:
Pedro, estou a dizer (tentar pelo menos) duas coisas:
A primeira que o problema da atribuição do CO2 nesse tal aumento da temperatura está longe, muito longe mesmo, de ser resolvido. Não se sabe qual a parte do aquecimento dos nosso dias se deve ao CO2 ou ao PDO , AMO, efeitos do ElNino, LaNina, alterações na circulação da ligação entre oceano-atmosfera (processo naturais), etc – É 10% ou 90%?
A segunda é mais importante. É importante porque no próprio AR5 está expresso, sendo uma grande alteração desde o AR4 de 2007. E o que lá diz é que é não é de todo possível atribuir a qualquer fenómeno atmosférico, na sua frequência ou intensidade a influencia do actual aquecimento.
Mas isto não é o mais giro. O mais giro, como Roger Pielke Jr. (que não é propriamente um denier) explicou recentemente ao congresso americano, mesmo assumindo que tudo o que os modelos postulam for verdade (atenção modelos!) levará pelo menos mais 50 anos até os impactos sobre fenómenos atmosféricos como os furacões se revelem por cima da variabilidade natural do clima!
E quem diz que até estamos no período (como espectável quando o planeta aquece) de mais baixa actividade de, por exemplo, furacões não é um blog é o NHC (National Hurricane Center nos estados unidos - www.nhc.noaa.gov) porque é isso que os dados revelam (data is a bitch!). Não só não existe tendência nenhuma de aumento desde 1900, como aliás nunca se viveu tanta tempo sem pelo menos um furacão de grau 3 atingir a costa dos EUA. Não existe memória.
"Warming of the climate system is unequivocal, and since the 1950s, many of the observed changes are unprecedented over decades to millennia. The atmosphere and ocean have warmed, the amounts of snow and ice have diminished, sea level has risen, and the concentrations of greenhouse gases have increased (see Figures SPM.1, SPM.2, SPM.3 and SPM.4). {2.2, 2.4, 3.2, 3.7, 4.2–4.7, 5.2, 5.3, 5.5–5.6, 6.2, 13.2}", pg. 2 http://www.climatechange2013.org/images/uploads/WGI_AR5_SPM_brochure.pdf
O aquecimento é inequívoco. Mas não é desde os anos 50... É desde 1750, desde o fim da Little Ice age (LIA), período que é consensual ser o ponto mais frio de todo o holoceno ( 10,000 anos). Está a ver? Muito antes de as concentrações de CO2 poderem ter qualquer impacto na temperatura global do planeta já este estava a recuperar do seu período mais frio de sempre (provavelmente devido ao Maunder minimum do sol). Como é que se sabe então que parou de recuperar e agora está a aquecer devido ao CO2? O aumento da temperatura entre 1910-1940 (antes do CO2) é tão acentuado como o aquecimento entre 1970-1995 (depois do CO2) … Se não foi o CO2 o que provocou o período de 1910-1940 então o que foi?
mais abaixo na pg. 3 lê-se
"The globally averaged combined land and ocean surface temperature data as calculated by a linear trend, show a warming of 0.85 [0.65 to 1.06] °C3, over the period 1880 to 2012, when multiple independently produced datasets exist. The total increase between the average of the 1850–1900 period and the 2003–2012 period is 0.78 [0.72 to 0.85] °C,
based on the single longest dataset available4 (see Figure SPM.1). {2.4}".
Está a ver o truque, não está Pedro? Se comparar o período de 1850-1900 com 1910-1920, o aumento é de 0,2C e se comparar com 1930-1940 é de 0,4C etc. – Mas se não era o CO2, então o que estava àquela altura a provocar esse aumento da temperatura? Já agora, dando crédito aos paleo-proxies se comparasse o período de 1750-1800 com o período 1850-1900 também terá um aumento de 0,muitos! Está a ver a lógica?
Ah, já sei, está-se a referir a um famoso gráfico que mostra que a temperatura estabilizou nos ultimos 15 anos e que aparecem em diaris serios como o Daily Mail, e.g. esta noticia http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2217286/Global-warming-stopped-16-years-ago-reveals-Met-Office-report-quietly-released--chart-prove-it.html
Meu caro, voce nao pode ignorar toda a serie com mais de 100 anos e escolher um periodo de apenas 15 anos. Pode ler uma refutacao desse tipo de argumentos aqui http://www.theguardian.com/environment/2012/oct/16/daily-mail-global-warming-stopped-wrong e aqui em forma grafica se quiser perceber o erro que esta a fazer http://www.skepticalscience.com/pics/SkepticsvRealistsv3.gif
E a PAUSA ( como é conhecido agora) é um facto. GISS mostra uma paragem no aquecimento global de (12 anos e 6 meses); Hadcrut3 (16 e 3 meses) ; Hadcrut4 (12 anos e 6 meses) ; Hadsst2 (16 anos e 6 meses) .
Por satélite UAH (8 anos e 6 meses - o ÚNICO que é dirigido por climate diners!) ; RSS (16 anos e 3 meses) …. Se quiser falar de tendências indistintas de ruído então podemos estar a falar de duas décadas sem qualquer aquecimento.
Também está no AR5. Só não no for policy. Mas o problema da pausa, ou seja da ausência de aquecimento nos últimos 15 anos é complicado de explicar porque de acordo com os cânones todos da teoria do aquecimento global por indução de CO2 não devia ser possível. A teoria do aquecimento global por CO2 implica que retenção desses Wm2 na atmosfera se expresse num aumento contínuo da temperatura global. Não fosse assim e nem esta conversa do aquecimento global sairia dos cantos obscuros das faculdades. A variabilidade natural do clima poderia eventualmente dar uns aninhos sem aumento… mas 10? 15? 20? --- Impossível.
Se nenhum modelo consegue replicar a realidade observada então é porque o modelo não vale de nada. Não existem corridas de simulação dos GCM que mostrem paragens de 12, 15, 17 (o tal numero mágico) porque isso quebra a “fisica” do próprio modelo.
Para terminar.
Aquilo que referi no meu post original é que já nem é um assunto muito interessante para mim. Não pretendo que qualquer leitor mude de opinião porque há muito tempo que isto deixou de ser um assunto científico e é assunto de crença, de fé!
Eu entendo. Entendo que para quem lidava com esta questão científica e subitamente reparou no aumento da temperatura do planeta após o climate shift de 1976, altura em que nem o PDO ou AMO se sabia que existia, passa a ter toda a propriedade para acreditar que está perante a confirmação com as suas crenças. Imagine, que subitamente passa de ser dos mais obscuros cientistas do portfólio para passar à vida louca das conferências em Bali, para os microfones do mundo, entrevistas e programas de televisão … torna-se quase impossível não entrar na onda - Políticos, dinheiro, boa vida = a público enganado.
Fora dos sound bites começa a ser consensual que os modelos afinal estão a estimar muito por cima o aquecimento espectável, que um aumento de temperatura abaixo dos 2C só traria benefícios para o planeta e para as suas formas de vida e que em qualquer dos casos é muito mais razoável a adaptação (adaptation vs mitigation) às condições (reais ou não) que aí vierem, como aliás se tem vindo calmamente a adaptar no ultimo século, sem sequer notar até à muito pouco tempo que sequer o planeta estava a aquecer.