O regime
O Rui Ramos escreve algo que devia ser óbvio para toda a gente.
O PS é o regime e só está o regime verdadeiramente sossegado quando o PS está no poder.
http://observador.pt/opiniao/consenso-se-ps-mandar/
Aliás, também já escrevi que todo este processo de ajustamento teria sido bem mais sossegado se tivesse estado o PS a fazer o ajustamento. Mas azar o nosso não foi o caso e como tal tivemos que levar com uma volumetria de direito à indignação a que teríamos sido claramente poupados.
Mas o mais estranho, ou não, é que depois ficam todos muito preocupados com a saúde da nossa democracia devido aos níveis de abstenção e não participação dos cidadãos nos actos eleitorais. Mas esta gente sabe como funciona uma democracia e quais os verdadeiros problemas que fazem com ela seja mais forte ou mais fraca?
Nem que somente 10% dos eleitores votassem não estaria em perigo a democracia. Não se essa votação decorrer com representativa de toda a sociedade e dos mecanismos da democracia. Ou seja se for permitido aos 90% de Ill informed anularem-se ao distribuírem-se pelos diversos partidos e os well informed dentro dos 2 partidos (que por norma são sempre 2 – um dia explico porquê) com rotação governativa poderem escolher o melhor candidato…ou aquilo que lhes for mostrado (ou eles percepcionarem ) como tal. Isto é democracia, quer se goste quer não.
O perigo para, e as deformidades da, democracia ocorrem sempre que deixar de haver este “erro” aleatório no modo como as pessoas votam e passa a haver “erros” sistemáticos, passa a haver bias vincados no modo como se influência (ou manipula) quer os ill informed quer os well informed. A manipulação de qualquer destes vectores influencia a qualidade da democracia. É aqui que é medida a qualidade da DEMOCRACIA. Algo que por exemplo os americanos há muito sabem e por isso é que nos EUA as pessoas (ou se quiser os well Informed) oscilam entre os dois partidos escolhendo eleger o candidato que, num determinado ponto, ocupa melhor o centro (median voter theorem) do sentir do país (que oscila um bocado de um lado para o outro) sendo permitida à ignorância explanar todo o seu esplendor e muito dos media (locais, regionais ou nacionais) promoverem tanto quanto possível a elucidação das suas massas, estando estes perfeitamente identificados – Sim o que o New York Times ou o Washington Post diz é dirigido a recentrar os constituintes de Esquerda e o que o New York Post e o Washington Times é para fazer o mesmo para os de direita. Toda gente sabe ao que vêm. Não existe esta bullshit para idiota consumir (que traz o tal bias sistemático) de fingir que são jornalistas isentos a tentar de forma intrinsecamente filosófica encontrar o tal equilíbrio. Tanga. Por exemplo na televisão ou se fala esquerdalhês mesmo que a tentar passar uma mensagem de direita ou nem lá se entra!
Quando num país comunicacional (no sentido lato) existe um bias tão forte para a esquerda e quando existe um partido que é de facto o dono do regime, implica que a nossa democracia, a democracia de Soares e Co, é e sempre foi mesmo assim… fraquinha!