Eu duvido
Apesar de só alguns (3 dos 36?) dos bancos Russos terem sido retirados do SWIFT vou assumir que serão os ou dos mais importantes. Vou também assumir que quando países como a Alemanha ou Portugal se comprometem a enviar armas para a Ucrânia que essas armas ou já lá estão ou estão a caminho. Emocionalmente não conseguiria lidar se na verdade fosse um processo a ser iniciado agora visto estes processos levarem largas semanas se não meses a chegar ao terreno. Esperemos que não.
Por mim, enquanto for possível e detesto que a estejam a banir, a cancelar, a Russia Today news, lá vou vendo largas horas de propaganda russa. E isto é importante.
Porque para quem se dê ao trabalho de ir vendo aquele canal, a narrativa é tao boa ou tao má como a nossa, como aquela que nos é dada diariamente. E eu tenho alguma reação alérgica a narrativas, a tangas.
Sim, na RT news também tem civis a chorar, velhinhas a chorar de medo dos rockets ucranianos, edifícios a arder, sirenes. Explicam com imagens os movimentos Nazis dos ucranianos, os corruptos e menções diárias ao Joe Biden e ao Hunter Biden. Depois são convidados atrás de convidados em direto de Nova Iorque, ou Los Angeles, Londres ou Paris, com pronuncia americana ou britânica a explicar que é tudo uma cabala contra a Rússia, que a NATO provocou isto tudo (já percebo de onde vem a narrativa do PCP), com ONGs e grupos dos direito humanos a criticar os malandros da Ucrânia. A libertação de criminosos pela Ucrânia para combater tem lá o mesmo tratamento que fizemos quando saddam Hussein libertou os dele. Também tem gente a falar dos libertadores russos, e que fora o mundo ocidental a maioria do planeta entende muito bem o que os russos estão a fazer e reconhecem o direito da Rússia se defender e defender o seu povo que estava a ser oprimido, nomeadamente dentro da Ucrânia…Eh pá aquilo está bem feito!
Por isso é que detesto narrativas. Tanto é a deles como é a nossa, das vítimas, dos heróis e das manipulações.
Gostava bem mais que houvesse constatações.
Algumas delas muito contra-narrativa atual – Grupos populacionais de dimensão considerável de outras identidades dentro das tuas fronteiras é mau. Estás a comprar briga. Essas pessoas não são más, mau é o facto de não pertencerem emocionalmente àquela terra se comparado com as expectativas. Enquanto grupo populacional e não como pessoas, claro. Porque ao final do dia enquanto pessoas têm todo o direito de viver a sua identidade porque ninguém vive, bem, sem viver a sua identidade.
As fronteiras existem por alguma razão.
Tal como nós também já o fizemos, nas próximas décadas não vai faltar gente que tem a certeza que mudar as tuas opções é justificadíssimo e, aliás, até em teu benefício lá bem no fundo!
Não vai faltar gente que teve vivências, cultura e até polimorfismos genéticos de indução de comportamentos e sensibilidades diferentes que vão querer impor esse seu sentir ao mundo e este mundo Ocidental estará no caminho.
A Ucrania é importante porque é um país que, tanto quanto percebo, se quer juntar aos "bons". Pronto simples. Eu gosto do que somos (fomos?) e acho que quem se quer juntar a nós para fortalecer a nossa força no mundo é dos bons. Simples não é?
E ao final do dia fica aquela coisa nua e crua: Que é ter coragem de dizer, entendo, mas eu também tenho uma espada e se passares esta linha levas com ela. Ou, olha, gosto mais dos meus valores e acho que os teus não valem um boi. Ou vive lá a tua vida mas nem cá a casa vens para jantar porque nem nada para falar temos.
Isto é passar por cima de narrativas, falsas equivalências morais ou políticas, que tornam tudo um programa de televisão. É o como é!
Sim existem os outros e existimos nós. Qualquer que seja o nós. E temos que afirmar a nossa identidade e dizer que isto tudo, isto tudo, foi inventado, criado e distribuído pelo mundo todo por um "nós" qualquer que saiu do temperamento que criou a civilização ocidental. Sendo que isso só é relevante para dizer que se quiserem mudar este mundo primeiro tem que nos mostrar que a vossa metodologia, valores e princípios é melhor que a nossa. Que o mundo que nos querem vender é melhor do que este criado pelos velhos ocidentais. Eu dúvido!