Percebo, mas não percebo!
Percebo … não, não percebo a insistência de Zelensky em pedir a introdução de uma no-fly zone sobre a Ucrânia.
E não se iludam, a parte do percebo, é porque ele está num meio de uma guerra e ao contrário de “grandes povos milenar guerreiros” como os dos Hamid Karzai e Saddam Hussein que quando as coisas apertaram agarraram na mala do dinheiro e fugiram, Zelensky ficou e luta!
O que me faz confusão é o que espera ele mesmo ganhar com a insistência, ainda por cima nos moldes em que o faz acusando a NATO de ser cobarde por não o fazer.
A parte que me confunde é se ele não percebe que a tentativa de introdução de uma no-fly zone inevitavelmente irá intensificar a guerra a um ponto em que transformar Kiev num parking lot passa a ser das maiores irrelevâncias do mundo. Se a questão é ter F-16 e F-22 a lutar com MIg-29 ou SU-27 nos céus da polónia, Zelensky bem pode fazer twittes, tik-tok ou face times no facebook que ninguém perde 10 segundos a ver, inclusive os media, e os russos em 10 segundos deixam de ter tanques a fazer de alvos de misseis antitanque e misseis de cruzeiro a atingir antenas de televisão e passa a ser bombardeiros Tupolevs a descarregar bombas sobre Kiev.
Também sei que escrevo isto após ver imagens do novo hospital pediátrico ou maternidade bombardeado mas também sei que de propósito os russos não iriam bombardar aquilo. Logo ou havia atividade militar nas imediações ou alguém fez um screw-up monumental e a as bombas bateram ao lado que deviam. Sim, esperem até ter um bombardeiro a largar bombas Termo-báricas sobre Kiev e perceberemos todos a diferença, até porque nem imagens vai ver no seu telemóvel porque nem ninguém que tire imagens ficará para contar.
O que eu sei é que nas “nossas” guerras também acusamos os outros de usar civis como escudos humanos, não foi?
É porque isto tudo pode piorar de maneiras neste momento inconcebíveis para qualquer mente sã, que escrevo este Post. É que quando toca a narrativas também sei, por isso não me farilhem, que a Ucrânia estava cheia de neonazis com atividades de milícia ou mesmo oficialmente militar por isso se fosse ao contrário estaria a narrativa no ocidente bem assente nesse ponto. Pode não ser agradável de ler nestas alturas o que se sabe da realidade no país, mas aquelas bandeiras da Ucrânia com as suásticas em vários eventos e essencialmente em grupos como as brigadas AZOV não eram peta. É mesmo real. Por isso o Putin se lembrou dessa …
Claro, claro que não estou a dizer que os ucranianos são Nazis ou que até confesso que me fica a sensação que o movimento Nazi na Ucrânia advém do facto de eles saberem que isso irritava os russos até à medula e se calhar era por aí que iam… mas também me ocorre que Mário Machado na Ucrânia seria um menino de coro, ao passo que em Portugal é símbolo que quasi-terrorista. Estão a ver, a tal coisa de meta-norms. - Não nos vamos esquecer que em 2019 o presidente da Ucrânia, o antes do Zelensky, ia a concertos daquela banda alemã que canta a música qualquer coisa 6 milhões de mentiras (No remorse – 6 million Lies). Ou que abertamente neonazis já foram condecorados por valor e coragem por Zelensky. Sim, um Judeu a condecorar um neonazi é tão estranho como um neonazi a aceitar uma condecoração de um judeu. Quem disse que as pessoas eram inteligentes ou coerentes.
Zelensky é um guerreiro. Isso ninguém lhe tira. Zelensky é um líder à séria num país a ser invadido. Badassmotherfucker daqueles que nós temos na memória ser, se calhar romanticamente e erradamente, um líder à Europeu dos antigos. Por isso, assumo que todos nós temos quase a obrigação de lhe tirar o chapéu e nunca lhe virar as costas nos pedidos de ajuda razoáveis. Mas não é um messias, certo? Não está a formar uma religião nem sequer a fundar uma seita, certo?
O que devemos fazer é deixar o postering, virtue signaling e emoções à flor da pele para idiotas uteis, reis do Twitter e guerreiros do Facebook e manter o sangue-frio para que isto tudo acabe com uma Ucrânia ainda digna do nome e uma Europa que não deite para o lixo 80 anos de paz.