Ocorreu-me escrever (voltar a ) sobre este tema por causa desta notícia. E apesar da longa introdução que este post tem o importante é que o post é sobre a nova super-arma com que está a ser usada no ocidente. Mas vamos por partes.
Name change for monkeypox not a straightforward process, says WHO expert
Dr. Rosamund Lewis, WHO technical lead on monkeypox, says discussions around changing established names not 'as straightforward as' what happened with COVID-19.
Por norma as pessoas não se percebem de algo que transpira evidente em alguns estudos sobre o racismo. - A evidência que está mais associado a processos de saliência e in-group do que racismo mesmo. Ou seja, alguém de raça diferente que se comporta como “nós” subitamente já não é de raça diferente. Aquele sketch cómico do skinhead negro ser mesmo possível e normalmente aceite pelos outros skinheads. O ser humano é mesmo assim bizarro.
Mas aquilo que as pessoas esquecem é algo que devia ser óbvio para todos.
Que é: Esta obsessão com o racismo resulta do racismo inerente na cabeça das próprias pessoas que reagem alergicamente à menção do mesmo e não, obviamente, ao racismo que existe na cabeça dos outros. Como é óbvio, não é? as pessoas não vivem na cabeça dos outros vivem na sua própria cabeça.
Estudo após estudo nos tem mostrado que esse processo cognitivo ocorre em pathways bem profundos na natureza humana e que o que muda é o modo como as pessoas reagem a esses pensamentos, aos seus próprios pensamentos, e não claro aos dos outros.
Aliás há muito tempo que demonstrações de racismo são, felizmente, raríssimas e diga-se em abono das pessoas em geral que por norma sempre muito acompanhadas de desconforto ou até reação muito adversas das que pessoas que assistiam.
Aliás, muitas vezes se associou no passado a Amygdala a racismo porque a Amygdala está muito associada a pessoas de direita (até eu o advogo no Amygdala-VMPFC-OFC) e assim dava jeito à narrativa. Como sempre acontece, estudos subsequentes não confirmam essa ligação, especialmente quando se descobriu que pessoas de raça negra elicatam a Amygdala quando se lhes apresenta caras de jovens negros. – Por razões óbvias - A Amygdala serve para modular ameaças e não racismo.
Estes estudos são feitos num país em que 60% dos crimes violentos são cometidos por 5% da população (jovem negro com idades entre 15 - 25 anos).
Aliás, sabemos que pessoas com danos na Amygdala tem grandes déficits a reconhecer ameaças e mesmo em situações onde tudo indica perigo demonstram uma confiança absoluta em desconhecidos. Mais importante hoje já se sabe melhor o papel desta e o facto de ter ligações muito complexas e heterogéneas estando envolvida em tanto coisas negativas como coisas muito positivas (modela ver coisas muito agradáveis também) . AM Chekroud · 2014 faz um bom resumo para quem estiver interessado.
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Mas nada disto é novo.
Muito mais interessante é o ponto em que vivemos na sociedade. O conceito é chamado de racial paralysis . A ver se consigo explicar: É a tendência que as pessoas revelam de fazer opt-out em situações que exigem escolhas baseadas em raça. O fenómeno é real e é facilmente demonstrado nestes estudos pelo comportamento de paralisia que as pessoas demonstram quando colocadas sobre situações de escolha entre raças.
Ficar paralisado perante uma situação não é solução de nada. É sim uma forte intimidação, não é? - A esquerdalhada com essa sua intimidação não está a resolver nada, porque as pessoas optarem por nem abrir a boca ou se deixarem envolver não é o modo como as democracias são supostas resolver os seus problemas.
Volto a tentar explicar o mesmo que já aqui escrevi. Alguém de direita dispara a Amygdala e dali seguem pelos pathways que ligam à amygdala (VMPFC e OFC). Alguém de esquerda dispara a Insula e segue pelos pathways se ligam por ali em frente (ACC-DLPFC) . Simples.
Estudos sobre a “paralisia racial” revelam que a maior eliciação acontece na ACC, no DLPFC e no VLPFC (que não é o VMPFC, mas precisa deste para falar com a Amygdala)
Ou seja, alguém que é de esquerda será igual a todos as outras e sente racismo como formulação do saliente. Sendo o salience a raça, esse sentimento provoca conflito interno. Normal e não controlado pela própria pessoa. Diria a lógica que alguém de direita como elícita o VMPFC regula o seu comportamento de forma a não deixar que isso influencie as suas ações. Ou seja, percebe que a sua resposta preferencial é inapropriada, e contextualmente inaceitável, e inibe-a. E Pronto. O assunto deve morrer ali. E não é esta a solução? Pelo menos uma delas. Se sinto algo que considero inapropriado regulo-o! É isso que faz de nós humanos.
Alguém de esquerda, sente isso (o racismo ou in-group é o mesmo porque ele não controla) e segue para a ACC (Anterior Cingulate). E que faz a ACC, que é responsável por monitorizar conflito e alerta para a necessidade de mais deliberação? Conflito nele não é nos outros, certo?
Por isso, enquanto alguém de direita sente e imediatamente regula esse sentimento, mesmo que até possa ser dominado pela Amygdala no caso de ameaças, nos outros casos todos meramente regula o seu comportamento e pronto. Mas alguém de esquerda em microssegundos está na ACC onde esses seus pensamentos disparam um conflito interno, internos na cabecinha deles não é na sua, que por usa vez entra em overdrive e elícita o DLPFC que é o sitio onde processamos a abstração e o sitio onde vamos requerer mais informação e integra-la antes de atuar ou tomar decisões.
Parece-me a mim, que se eu regular o meu comportamento resolvi a questão. Isto são coisas processadas em microssegundos e na vida dos humanos seguem-se inúmeros processos que normalizam a vida, comportamentos, companheirismos e laços afetivos. Deixar que essa situação resulte em loops de conflito interno, de dissonância interna e passagem para uma análise crítica e procura de soluções abstratas não me parece ser nem saudável nem eficaz.
Ora, em si nada disto, nem num lado nem no outro, parece má! E para aqueles que leiam de forma errada isto, lembrem-se que o erro de Descartes (o livro) é que pessoas que perdem o VMPFC tornam-se completamente disfuncionais no dia a dia processando abstratamente tudo certinho e no segundo depois fazem exatamente o oposto.
Mas neste caso o problema é que isto tudo (ACC-DLPFC), como é demonstrado por estudos nos últimos anos, muito deles recentes e já de 2022, leva á tal paralisia racial, que é fugir da situação o mais rápido possível e não tomar nenhuma decisão, atitude ou ação.
Mas mais importante, os estudos também são conclusivos, mostrando que para não ter que tomar nenhuma ação opta-se por entregar todo o poder de decisão a grupos de minorias. - Sim, reparem neste pormenor, que é os estudos demonstram que a única escapatória que encontram para não parecer racistas é nem chegar perto do assunto e deixar que minorias fiquem com essa incumbência e ónus. Isso não é solução nunca na vida!
É fascinantes ler esses estudos em que as pessoas se entretém a fazer julgamentos de todo o tipo e subitamente passa a ser com caras de pessoas brancas e negras e em mais de 80% das vezes não conseguem escolher. Como é mais saliente nestes casos de Negros/Brancos é o mais usado para estudos. E reparem isto é comum a todas as raças. Pessoas de raça negra ficam na mesma situação sem querer tomar nenhuma decisão e recusando-se a dizer seja o que for.
E isto é a arma do século XXI. Centre-se nisto porque é o mais relevante, assim que é criado o contexto em que as pessoas possam ser chamadas ou interpretadas como racistas, imediatamente ficam sem reação. É uma arma que paralisa instantaneamente as pessoas e está a ser usada como tal nesta década.
Tudo isto é uma medida de poder acima de qualquer outra coisa e as forças políticas estão a usar dessa forma. A população em geral limita-se a ficar em choque sem saber como reagir e aceita tudo, tudo o que lhes seja impingido por esta gente.
Estão a ver, o que quer que se passe na cabeça das pessoas não muda. Fica lá. E desde que as sociedades criem os mecanismos corretos não é particularmente relevante, porque de uma forma ou de outra regulamos os comportamentos e a vida segue… mas fingir, recusar a tomar ação ou dizer o que pensa é que já não parece uma solução saudável para uma sociedade. Nas sociedades, cada vez mais diversas étnico racialmente, a solução não pode ser fugir das decisões que envolvam duas pessoas de raça diferente pois não? – No entanto o resultado deste mundo woke-o-liberal parece ser esse. – Pois, falhou!
Como ninguém com dois dedos de testa não teria dúvidas.
Isto deve ser o suficiente para que se entenda o que se passa, mais evidente que em qualquer outro lado, nos EUA. O conceito de democracia liberal é que o povo governa mas a maioria não tem rédea livre para fazer o que quiser sobre as minorias. Este ponto societal em que as minorias, as tais que devem ser protegidas para ser igual aos outros, parecem deter um poder inusitado que nem as maiorias possuem é a coisa menos Liberal democracy que se vê há muito, muito tempo.
Chamem-lhe outra coisa mas não se armem em arautos das democracias liberais.