Haidt… e os pilares morais da esquerda e da direita.
Haidt é importante nesta conversa. E é importante porque sendo ele parte de uma comunidade, a da psicologia social, onde mais de 90% se identificam como de esquerda ou extrema-esquerda soube tomar o comprimido vermelho e olhar para as pessoas do outro lado da barricada. Conta ele que decidiu que iria descobrir o que havia de errado com o cérebro das pessoas de direita e nesse sentido partiu para uma investigação pelas mais diversas culturas procurando descobrir aquilo que era comum a todos.
Haidt descobriu que os humanos, nas suas diversas formas culturais, possuem essencialmente 5 pilares morais, 5 fundamentos éticos (agora passou a 6) :
Contudo Haidt reparou que as pessoas que eram de esquerda somente valorizam dois dos pilares (harm/care e Fairness/reciprocity) e são as pessoas de direita que verdadeiramente incorporam todo o espectro. Olhando graficamente para a representação gráfica destas diferenças, encontramos as pessoas de direita a valorizar todos os cinco botões do equalizador moral e as pessoas de esquerda no máximo do Harm/care (tal como os de direita), no máximo do fairness/reciprocity (ligeiramente mais alto que os de direita) e depois uma queda brutal nos outros 3 pilares (ao contrário das pessoas de direita que mantém sempre lá em cima). Como Haidt explicou no Colbert report na verdade as pessoas de direita são … mais complexas. E Haidt não esconde (tendo sido ele um Liberal a vida toda) que as pessoas de esquerda têm uma vida moral, uma vivência moral, bem mais pobre que as pessoas de direita e isso parece revelar-se no facto de as pessoas de direita, aparentemente, serem mais felizes.
Durante décadas todo o postular moral tem sido feito com base nos dois primeiros pilares e isso hoje em dia é notório na literatura, nos media, nos canais de informação, Harm/Care -Fairness/reciprocity, Harm/Care-fairness/reciprocity , Harm/Care-fairness/reciprocity … mas nada sobeja para os outros pilares. Como todos, de esquerda e de direita, possuem aqueles dois pilares é uma aposta segura para as fórmulas de comunicação e do ponto de vista de quem é de esquerda correta… mas para quem não é de esquerda falta as restantes componentes e isso pode estar a revelar-se num alheamento destes perante o este novo mundo da esquerda.
As pessoas de esquerda não saberão onde parar. Disso tenho a certeza. Porque obviamente só quando o mundo fosse momentaneamente à sua medida estaria bem. E o mundo à sua medida não será nunca, antes estará (presente). A esquerda (nos processos cognitivos de avaliação) não tem bem passado nem futuro . As apreciações ocorrem sobre o presente em detrimento das circunstâncias do tal passado e sem medir propriamente as consequências (valor expectável) no futuro… tudo está sujeito às condições do presente e isto nasce da prevalência total da working memory da DLPFC que serve para se navegar o momento actual e influencia grandemente os seus processos de avaliação e de decisão.
As pessoas de direita viverão num mundo à medida de pessoas de esquerda até um certo ponto mas chegará o momento em que será um mundo formalmente demasiado normativo e como tal não funcional (para ninguém) - Não é por mero acaso que as pessoas de esquerda não se organizam e vivem num mundo de esquerda só deles. Pessoas de esquerda habitam habitats, mais ou menos, de direita. Sendo mais de metade da população mundial tão simples que era essas pessoas de esquerda fazerem uma comunidade só deles (fácil de organizar neste mundo de social media) e num ápice transformavam o mundo… mas porque não acontece?
Ora, as sociedades ocidentais ainda são suficientemente flexiveis para que ambos os fenótipos ideológicos encontram mecanismos para organizarem as suas existências… contudo deverá chegar a um ponto, penso que não muito longe no futuro, em que isso não se verificará. Aí resultarão meramente duas hipóteses: Existir uma forma de opt-out para as pessoas de direita, uma opção de saírem e viverem num ambiente menos formalmente normativos, mais karmatico, com passado e futuro, regido por regras de expected outcomes, pelas consequências das acções tomadas no passado com base no valor atribuído à opção escolhida… ou, alternativamente, como sempre acontece, será um reagir violento, muito violento – E convenhamos, já não há necessidade, nem pachorra, para coisas violentas!
http://www.youtube.com/watch?v=jHc-yMcfAY4