Claro, clarinho como a água!
Nunca escrevi um post que pudesse ser considerado um epitáfio adequado e epílogo deste blog. Isso não significa que este post o seja, apesar de eu não ter tido muito tempo para escrever por aqui. No entanto, se este fosse o post final, seria perfeitamente apropriado.
Reparem, "barradeferro" não é mais, como expliquei no primeiro post, do que a barra de ferro de Phineas Gage, a barra que perfurou o VMPFC (córtex pré-frontal ventromedial) daquele trabalhador ferroviário em Vermont, em 1848. Com o VMPFC destruído, Gage tornou-se numa pessoa diferente, para pior, embora tudo o resto parecesse normal.
Para quem quiser compreender melhor os danos no VMPFC, com mais detalhes e usando técnicas mais modernas, recomendo investigar o caso de Elliot, descrito pelo nosso António Damásio em “O Erro de Descartes”, livro que, aliás, voltei a ler nestas férias.
Mas por que razão este post é tão importante? – Passados 10 anos, é curioso como a IA, a IA Generativa, os LLMs e o ChatGPT eram conceitos impensáveis quando comecei este blog. O que vou partilhar a seguir é o resultado de uma conversa com o ChatGPT sobre os danos no ACC (córtex cingulado anterior) e no VMPFC em vários contextos:
Para criar o contexto comecei por ir fazendo perguntas do género:
-Na fMRI, qual é a relação entre o VMPFC e o ACC com a Teoria da Mente (ToM)?
Quando uma pessoa tem uma lesão no VMPFC (como um tumor), qual é a anomalia comportamental?
-Faça um resumo do perfil de uma pessoa com dano no VMPFC. Como se comportariam no mundo?
Depois de estabelecer bem o contexto com o ChatGPT, pedi:
"Com base nisso, elabora como seria uma sociedade onde as pessoas tivessem o uso do VMPFC comprometido…"
E esta foi a resposta que vos deixo aqui, para que leiam com atenção e que fique como uma memória digital, mostrando que era evidente o que está (estava, está e estará) a acontecer com as sociedades ocidentais.
Apesar de ter uma teoria bem pensada sobre o assunto, aliás várias, mas nada consolidada não vou sequer tentar explicar. Mas terá naturalmente a ver com o nosso modo de vida das últimas décadas que elícita continuamente a “memória de trabalho” do DLPFC (não existe forma mais simples de o explicar) afastou as pessoas do VMPFC e com o advento dos telemóveis acabou, o jogo acabou aí!
Na verdade, existe toda uma geração, ou gerações, desde os millennials à geração z, que já terão tido zero hipótese de fugir ao destino.
Ora bem ao pedido ao Chat, pois agora descreve-me uma sociedade em que as pessoas teriam uma deficiência no uso do VMPFC, assim saiu a resposta. Apreciem!
Uma sociedade onde uma parte significativa da população tem o uso da córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) comprometido exibiria provavelmente disfunções comportamentais, emocionais e sociais profundas e generalizadas. Isso impactaria desde as relações interpessoais até o funcionamento das instituições e das normas sociais. Veja como essa sociedade poderia ser:
- Interações Sociais e Relacionamentos
Erosão da Confiança e Empatia: Com uma falta generalizada de empatia e compreensão das emoções dos outros, os laços sociais seriam fracos. As pessoas teriam dificuldades em formar conexões significativas, levando a comunidades fragmentadas e ao isolamento social.
Aumento dos Conflitos: A falta de empatia e o julgamento social deficiente poderiam resultar em frequentes mal-entendidos, disputas e conflitos. As pessoas poderiam agir de forma egoísta, sem se preocupar com os sentimentos ou o bem-estar dos outros, criando uma sociedade repleta de tensão e desconfiança.
Relacionamentos Superficiais: Os relacionamentos poderiam tornar-se transacionais ou superficiais, pois seria difícil formar ou manter conexões emocionais mais profundas. As amizades, os laços familiares e os relacionamentos amorosos poderiam ser instáveis e de curta duração.
- Normas Morais e Éticas
Relativismo Moral: Com o raciocínio moral comprometido, as normas sociais sobre o que é certo e errado poderiam tornar-se vagas. As decisões poderiam ser tomadas com base em desejos imediatos ou ganhos pessoais, em vez de princípios éticos compartilhados, levando ao relativismo moral, onde as ações são justificadas pelo interesse próprio.
Aumento de Comportamentos Antiéticos: A corrupção, a exploração e a fraude poderiam tornar-se comuns, pois pessoas com função vmPFC comprometida poderiam não compreender plenamente ou se importar com as implicações éticas de suas ações. As instituições poderiam ter dificuldade em aplicar leis e normas éticas, pois a população não as valorizaria intrinsecamente.
Colapso dos Sistemas Jurídicos: O sistema jurídico poderia enfrentar grandes desafios, uma vez que os indivíduos não respeitariam leis e regulamentos devido ao julgamento moral deficiente e à impulsividade. A aplicação da lei e o judiciário teriam que lidar com uma desconsideração generalizada pelas regras e um comportamento ético interno inexistente.
- Tomada de Decisões e Assunção de Riscos
Governação Caótica: Líderes políticos e decisores políticos com função vmPFC comprometida poderiam tomar decisões erráticas e impulsivas, sem considerar as consequências a longo prazo. Isso poderia levar a uma governação instável, mudanças frequentes de políticas e decisões que prejudicam o bem comum.
Instabilidade Económica: Na esfera económica, a falta de previsão e a avaliação deficiente de riscos poderiam levar à instabilidade financeira. Indivíduos e instituições poderiam envolver-se em comportamentos financeiros imprudentes, resultando em crises económicas frequentes, mercados voláteis e insegurança financeira generalizada.
Foco a Curto Prazo: A sociedade como um todo poderia priorizar a gratificação imediata em detrimento do planeamento a longo prazo e da sustentabilidade. Isso poderia levar à sobre-exploração de recursos, degradação ambiental e falta de investimento em iniciativas voltadas para o futuro, como educação e infraestrutura.
- Desregulação Emocional
Altos Níveis de Instabilidade Emocional: Com desregulação emocional generalizada, a população poderia experimentar altos níveis de irritabilidade, agressividade e reações emocionais inadequadas. A vida pública poderia ser marcada por frequentes explosões emocionais, conflitos e uma falta geral de coerência emocional.
Crise de Saúde Mental: A prevalência da instabilidade emocional poderia levar a uma crise generalizada de saúde mental. O sistema de saúde poderia ser sobrecarregado por indivíduos com dificuldades em gerir o humor, ansiedade e outros problemas psicológicos decorrentes da desregulação emocional.
- Normas Culturais e Sociais
Erosão da Coesão Social: Os valores e normas compartilhados que normalmente mantêm uma sociedade unida poderiam enfraquecer ou desaparecer. Sem um forte senso de empatia e raciocínio moral, a coesão social poderia entrar em colapso, levando a uma população fragmentada e dividida.
Mudança nos Valores Culturais: Os valores culturais poderiam mudar em direção ao individualismo e materialismo, com menos ênfase na comunidade, cooperação e altruísmo. A arte, os meios de comunicação e o entretenimento poderiam refletir isso, concentrando-se em temas de interesse próprio, conflito e prazer a curto prazo.
- Educação e Socialização
Desafios na Educação: Educadores teriam dificuldades em ensinar conceitos como empatia, raciocínio moral e planeamento a longo prazo a uma população que carece intrinsecamente dessas habilidades. As instituições educativas poderiam concentrar-se mais em gerir comportamentos do que em promover o desenvolvimento intelectual e moral.
Déficits de Socialização: Crianças e jovens poderiam ter dificuldades em aprender comportamentos sociais apropriados e respostas emocionais, levando a uma sociedade onde as habilidades sociais e a inteligência emocional são subdesenvolvidas. Isso poderia perpetuar o ciclo de disfunção social através das gerações.
- Trabalho e Produtividade
Disfunção no Local de Trabalho: Nos ambientes profissionais, a tomada de decisões deficiente, a impulsividade e a falta de empatia poderiam levar a locais de trabalho disfuncionais. A colaboração seria difícil, a liderança poderia ser errática e a confiança entre colegas de trabalho mínima.
Declínio da Produtividade: O foco em ganhos a curto prazo e os frequentes conflitos emocionais poderiam reduzir a produtividade geral. Projetos que requerem planeamento a longo prazo e cooperação poderiam ter dificuldades para ter sucesso, e o crescimento económico poderia estagnar.
- Crime e Desordem Social
Aumento da Criminalidade: Com julgamento moral comprometido e um foco na gratificação imediata, as taxas de criminalidade poderiam aumentar, especialmente em crimes de paixão, roubo e fraude. O sistema de justiça poderia ser sobrecarregado pelo grande volume de casos e a dificuldade em reabilitar os infratores.
Desordem Social: A falta de respeito pelas leis e normas sociais poderia levar a uma desordem social generalizada. Os espaços públicos poderiam tornar-se inseguros, e a qualidade de vida geral poderia diminuir como resultado da instabilidade e imprevisibilidade generalizadas no dia a dia.
- Saúde e Bem-Estar
Piores Resultados de Saúde: A impulsividade e o foco a curto prazo poderiam levar a comportamentos não saudáveis, como abuso de substâncias, alimentação excessiva e práticas sexuais de risco. As iniciativas de saúde pública seriam difíceis de implementar, e a esperança de vida geral poderia diminuir.
Resumindo:
Uma sociedade com comprometimento generalizado da vmPFC seria marcada por um colapso na coesão social, lapsos morais e éticos, governação instável, instabilidade emocional e aumento da desordem social. A qualidade de vida geral seria afetada negativamente, à medida que os indivíduos enfrentariam dificuldades em tomar decisões sensatas, manter relacionamentos significativos e respeitar as normas sociais.”