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Estive em Angola durante a semana. Duas coisas me surpreenderam. A primeira é a quase completa ausência de Portugueses no país. No passado recente aquilo teria mais de 200.000 portugueses e é surpreendente que agora haja uma relativa quase total ausência de portugueses em Luanda. Tanta que por várias vezes, demasiadas, se dirigiam a mim em Inglês ao invés de assumir que eu era Português.
Almoce na ilha de Luanda, nos hotéis ou vá à barra do kuanza e não estão lá. Veja um jogo da seleção portuguesa e estará sozinho. Vi chineses, sul africanos, espanhóis, etc. Portugueses nem por isso. Peculiar.
Outra das coisas, das tais que me surpreenderam e tão surpreendente como a escolha da imagem deste post, é que falei com as tais pessoas da oligarquia Angola, seja da velha seja da nova e uma das coisas que me perturbou, que me intrigou e ficou a tinir no cérebro é que, esta elite, hiper-rica, tem a mesma linguagem, quase chapa 7, das pessoas do bloco de esquerda ou do partido comunista em Portugal.
Tal como uma Mariana Mortágua aquela gente da elite, volto a dizer riquíssima! e priviligiada, adora falar do povo e acha mesmo que é o representante das aspirações e do destino moral do tal referido (a toda a hora) povo. Para quem assista é bizarro.
Em cada 3 frases, duas são o povo (a outra dinheiro) e para alguém como eu, durante largos momentos, ficou-me uma dissonância relativo ao que assistia.- Até que consegui identificar que era precisamente a semelhança entre a conversa, a tanga e narrativa subjacente ao que ouvia e a conversa que em Portugal oiço do Bloco de esquerda. Tudo é em nome do povo. Isto tem que ser assistido ao vivo para se acreditar.
Com tanto ódio que por exemplo o Bloco de esquerda manifestou ao longo dos anos para com aquela gente, não deixa de ser surpreendente que se pessoas como Francisco Louça ou Mariana Mortágua se sentassem a conversar com os tais terríveis oligarcas angolanos sem a identificação de uns e de outros, falariam exatamente a mesma língua assumindo sempre que querem o bem do povo e que são os genuínos representantes dos mesmos. Mentes iguais, almas gémea, suponho.
Cada vez me convenço mais que as pessoas se resumem a pathways neuronais que definem a sua visão do mundo e que alguns desses pathways podem ser considerados verdadeiras deficiências.
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