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“Negação do racismo onde se encurralou a sociedade e as instituições…”
Ouvi o Mamadu Ba, com particular atenção, no programa “É Não É?” da RTP de ontem. E ouvi mesmo com toda a atenção. E aquilo que sinceramente me choca é que não lhe reconheci inteligência. E eu esperava reconhecer porque criamos essa expectativa quando algo se torna fenómeno pese embora a experiência me vá ensinando que até muito pelo contrário a inteligência costuma vir acompanhada de algum recato.
Ouvindo Mamadu Ba nada passou mais do que não seja um homem que repete estruturas conceptuais obvias que aprendeu e vai repetindo vida fora. Não era de todo o que esperava. - Conseguires colocar palavras ordenadas a cantar conceitos, ainda por cima aprendidos não é nada de especial. – Já não me lembro quem, mas alguém dizia há alguns anos que quando ouves com atenção as pessoas de esquerda e as ouves repetidamente percebes a insalubridade daquilo que dizem e o escolho do que te estão a transmitir.
No momento em que a Helena Matos o confrontou com a escravatura milenar ele não tem capacidade de contra-argumentar para além das coisas parvas que ouviu sobre a escala da escravatura transatlântica ou da desumanização das pessoas em contraponto com servidão como se todas as outras miríades de escravos durante a história não fossem também tratadas como propriedade e só os Africanos no mercado transatlântico o fosse. – É pouco, muito pouco.
Enfim, quem explica aos Mamadu Bas desta vida que na verdade a escravatura transatlântica até terá sido das mais humanas da história. Não tenho que dizer que mau foram todas as escravaturas porque será óbvio. Mas má era a vida de praticamente toda a gente nessa altura e a alternativa aquele destino, atroz, era provavelmente a morte ou locais de escravidão bem piores como do Norte de africa ou a do império Otomano.
Só para que fique claro. Aos escravos nas Américas era possível acasalarem e reproduzir que até era desejável e fomentado e havia inclusive coisas como a referência nos EUA que as escravas casadas deviam ser respeitadas (embora duvido que fossem) ou por exemplo no Brasil os escravos no seu dia de folga ao domingo tinham um terreno onde tratavam da sua plantação pessoal…
Agora, se fosses para o norte de Africa, se sobrevivesses à castração (acreditavam mesmo que os capados se tornavam mais competentes) não tinhas sequer essa opção de ter um terrenozito de subsistência, já para não falar na parte da procriação por razões óbvias. certo?
Um dos factos que nunca nos lembram é que os escravos eram comprados a estruturas já existentes. Assim era no comércio de escravos islâmico que durou mil anos. As tribos Africanas dos Yao, Makua e Maravas lutavam entre si e com outras tribos por Africa adentro… e não tinham prisões ou prisioneiros. Todos os capturados eram para ser vendidos e na verdade também se sabe que muitos morriam porque tinham que andar, malnutridas, distâncias inimagináveis durante mais de 3 meses a caminho dos mercados onde eram vendidos. Não se sabe bem o número de escravos desta rota dos escravos mas N’diaye calculou em 17 milhões de pessoas durante os séculos todos em que este comércio se realizou. Sabe-se lá.
Não existem registros históricos, nem marcas arqueológicas para se desvendar, logo teríamos que nos socorrer de outras ferramentas… e não é que?
Uma coisa é certo, esta imagem abaixo diz-nos que a transformação com o mercado negroide no norte de África foi enorme:
Esta imagem, acompanha os mitogenomes (Mt dna) em algumas fases do antigo Egipto até aos dias de hoje.
Período pre- ptolemaico (penso que o DNA é de 2000BC), período ptolemaico (antes de cristo) e o período romano até 600 AD. Assim podem ver após o inicio da islamização e o começo da escravatura dos Africanos por estes, todo o mitogenoma (passado pelas mulheres aos filhos) dos egípcios alterou, sendo agora repleto de haplogrupos subsaarianos (as partes avermelhadas). – pois, dos tais homens capados é que nada, não é? porque haplogrupos do cromossoma Y, dos homens, no norte de africa são quase inexistentes. Os homens não contribuíram para aquele avermelhar na barra do atual Egito. Pois, existiram destinos e destinos para o pobres desgraçados, dos melhorzitos ainda teria sido terem ido para as Américas.
Uma das outras curiosidades é que a maior parte do impacto genético deste comércio no norte de África é provindo de populaçoes negras do centro e oeste Africano, enquanto no golfo Pérsico é de populações do noroeste Africano o que representa as rotas bem definidas do mercado de escravos.
As pessoas podem investigar e ler. Nada disto é segredo. Temos é que estar agradecidos ao facto de se ter terminado com este flagelo…quer dizer, se não fores Africano, onde a ONU diz que estão a esmagadora maioria 40 milhões dos ESCRAVOS HOJE EM DIA!!! … Pois, buá, buá para a escravatura dos século XVII! Buá, Buá.
BLM, BLM BLM! , sim, sim, é já a seguir.
Para terminar, o que eu não escrevi, ainda o farei é o que politicamente isto tudo quer dize. Este “…Negação do racismo onde se encurralou a sociedade e as instituições…” é todo ele político e tem muito que se lhe diga.
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