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Não tem de quê

por Olympus Mons, em 01.11.21

Vai ser curioso perceber como evoluirá a censura cultural do fascismo de esquerda que governa culturalmente o mundo e está em vias de dominar as sociedades ocidentais.


Uma das coisas que acontecerá é que livros como as viagens de Ibn Battuta, o Rihla, e as seguintes viagens que fez, irão formalmente desaparecer. O que quer que seja o desarranjo mental que se seguirá na história do fim do ocidente registos históricos como os relatos deste explorador marroquino no século XII terão que ser escondidos ou de outra forma tornados inacessíveis às narrativas que se vão tornar prevalecentes porque nada é mais politicamente incorreto, nada é mais anti-woke, do que ler obras descritivas das sociedades ao longo da história desde que a escrita foi inventada. Literalmente as próximas gerações viverão em história inventada que nada terá a ver com a realidade. Não terá verossimilhança com a realidade mesmo que sob o prisma e bias de quem a escreveu.

Quem ler Ibn repara em duas coisas que deviam ter mais atenção.
A primeira é que a escravatura era um relato constante das descrições e relatos dele. Ele descrevia os soldados, os serviçais e os escravos como alguém descreve as ruas e os edifícios. Era banal, banal, banal.
A segunda coisa que se repara é no constante relato dos escravos brancos. Constante, constante. Escravos eram oferecidos, trocados e nas escravas que lhe foram oferecidas no caminho ambas acabaram por ter filhos dele. Alas. Escravas sexuais era um relato de uma normalidade impressionante.

Mas reparem.
 Ele partiu pelo Norte de Africa (escravos), parou no Cairo (escravos) foi no Haj até Jerusalém e Damascoescravos.
Iraque e Pérsia e … escravos e escravos.

Desceu a costa Este de Africa até ao Sultanato do Kilwa… escravos.
Subiu até Anatólia (Turquia), escravos, escravos, escravos e tantos brancos, muitos escravos gregos, escravas de pele muito branca e outros vindo das estepes, ou seja, do que hoje é a Ucrânia e Rússia.
Ele atravessou o Mar Negro e subiu até essas terras das estepes do extremo da europa de Leste, no norte do mar negro, para aquilo que era a Golden Horde da dominância Mongol e escravos, escravos, especialmente a descrição das “crianças das estepes de ar triste que eram vendidas como escravos” e que a maioria deles todos, muitas escravas de pele muito clara que acabavam vendidas no Cairo.  

Foi até à India e novamente são descrições que envolvem escravos. E escravos e torturas que não lembra o menino Jesus.
Depois foi para o Sri Lanka, Malaca e chega à China…. Escravos. Tudo com histórias de escravos por todo o Lado. Os Chineses que chegavam à India e traziam escravos como ofertas e vice-versa.
Depois voltou a casa e fez uma última viagem, sobre a qual já aqui escrevi, descendo até ao Mali e novamente descrevendo como era o tráfico de escravos.

Relembro que estamos a falar de século XII e que só alguns séculos depois se iniciaria a expansão e colonização por parte dos Europeus, nomeadamente os Portugueses.

A escravatura era um método de extração de trabalho ubíquo, comum e banal desde o o terceiro milénio antes de cristo. Pelo mundo fora era usado tal como se usaria a profissão de carpinteiro ou comerciante.
O tráfego de escravos negros pelo mundo islâmico atingiu píncaros com os escravos negros que eram levados para a China (!), especialmente durante a dinastia Tang (618 A.D.) que havia um comércio de escravos negros, os chamados Kunlun, para a China levados pelos Árabes, que pese embora houvesse mais escravos chineses era um símbolo de status ter os exóticos Kunlun.  Isto durou até ao fim da dinastia song (1280 A.D.)

Por isso, tudo o que os Europeus fizeram foi chegar a Africa e dizer que “temos procura” que a oferta estava lá toda com os meios de produção de escravos perfeitamente montados oleados e otimizados por mil anos (pelo menos) de escravatura africana.

E, volto a dizer, se eu fosse um jovem negro apanhados pelos caçadores de escravos negros e me perguntassem se eu queria ir com os senhores dos barcos para o outro lado do oceano ou queria ir para norte como os senhores árabes… eu atirava-me ao mar, subia pela ancora, agrilhoava-me ao barco e dizia, “fuck you, daqui ninguém me tira que com aqueles gajos para o norte de Africa é que eu não vou!”

Essa é que é essa, Joacine e Mamadu!.

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