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E lá continua a senda da TAP.
E do nosso dinheiro. Contudo não deixa de ser curioso o facto de quando a TAP era 2% do PIB, tinha um superavit da Balança Comercial superior a 1.2 mil milhões de euros e recebia 0 (zero) euros, dos nossos impostos (até era proibido por lei)… era uma choradeira contra o raio da companhia. E isto foi até fevereiro de 2020!
Mas agora que vamos despejar algo como 3.5 mil milhões para manter a companhia a operar, que não é salvar que isso é outra coisa diferente, estamos todos grosso modo caladinhos ou ganir baixinho. - Eu acho que se deve ao fascínio do Tuga em geral com o PS no governo. Os donos disto tudo trazem uma serenidade ao povo Tuga ímpar, muito se devendo ao controlo que também possuem sobre a imprensa mas não só. Sócrates sabia-a toda e nós somos assim.
Uma das coisas que não deixa de ser curioso é que pessoas como o Diogo Lacerda ou Esmeralda Dourado nunca tiveram nada a ver com a TAP. Não percebem do assunto, nunca mandaram em nada nem tem nada a dizer sobre o modo como a TAP verdadeiramente operava ou tomava decisões. Eram os Boys. – Já o Trey, não fora a paranoia de ser só ver as coisas pelo ponto de vista do volume era um airliner puro. Aliás o Neeleman lá o espera na Breeze Airways no Utah e nem se vão lembrar da TAP dentro de um mês. Devem dar graças a Deus todos os dias (porque são mórmons) terem-se livrado da embrulhada assim tão bem.
Entretanto tenho tido algumas conversas com pessoas envolvidas em algumas da potenciais novas companhias aéreas (que ainda não operam) , como a Flyr, ou Northern airways ou Canarian airways e todos manifestam uma preocupação. - Que é o facto das grandes empresas aéreas como a Lufthansa, British ou KLM/Air France terem apressado os seus novos modelos de distribuição, vendas digitais, etc. – A preocupação é, mesmo para essas companhias novas, cheias de gente inovadora sem passivos e lastros financeiros, é que já perceberam que vão ter dificuldade em conseguir competir com os novos esquemas muito e-retail que essas companhias de referência irão usar agora na retoma e que para dizer a verdade levaram os últimos 10 anos a preparar e a colocar em produção (NDC, offer Management, dinamic pricing real, etc, etc), quando por outro lado a concorrência das low cost se intensificará também. O ambiente pós COVID-19 na indústria do transporte aéreo será ainda mais brutalmente concorrêncial para que empresas aleijadas como a TAP tenham futuro.
A TAP, com uma perca de recursos humanos muito grande (quadros bons brasileiros foram embora, alguns dos melhores quadros portugueses já saíram ou estão a preparar-se para sair), todos os projetos inovadores parados (para se aproximar dos tais grandes), com um constrangimento à rede ditada pela UE e com todos os players a cheirar sangue na água e prontos a atacar (muito simplesmente aumentam as suas frequências para cá)…. Que hipótese terá a TAP?
Percebo o medo do Governo. A TAP é um anacronismo que sobreviveu por causa de algum desleixo das outras companhias aéreas e quando acordaram já a TAP dominava o mercado Brasileiro. Com 50% do tráfego de conexão e 80% dos 3 mil milhões de euros em vendas sendo exportação é tentador para o governo. Se fechasse a TAP o mercado, o espaço, não seria ocupado por outra empresa portuguesa... num minuto, um minuto!, os algoritmos dessas outras companhias aéreas estrangeiras que fazem Desenvolvimento de rede apercebem-se da oportunidade e cospem novas frequências (voos) e rotas que dantes eram da TAP. Hipótese dessa atividade ficar cá... zero!
No entanto, a premissa do investimento do governo parte, na minha opinião, de um erro da equação. O governo pensou, se eu salvar a companhia ela vai devolver o dinheiro investido pelo impacto que terá na economia (e que sempre foi grande)… mas não me parece que seja esse o caso no futuro: O estado, investidor, vai perceber que mesmo cortando os custos como está a fazer, a capacidade de gerar receitas da empresa será bem menor e sempre a reduzir com o passar dos anos. Com isso irá acabar por ter emagrecer ainda mais para poder vender a empresa outra vez. Toda a expectativa de retorno irá esfumar-se.
No momento da venda, quando for, a TAP terá qualquer coisa como 50 aviões (empresa irrelevante), sem muitos serviços, gestão e administração em Portugal, com impacto muito (mais) reduzido na economia portuguesa.
Lembrar as pessoas que houve uma altura, e até a TAP era mais pequenina e o estudo já não foi reproduzido, em que a companhia aérea era a quarta cidade portuguesa em consumo de vinhos. Esse será a TAP que já não voltará.
Aguardo no entanto um milagre, porque 3.5 mil milhões de euros é muito dinheiro, mesmo muito.
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