Nem um, nem o outro...
Não vou falar da Mariana nem do Adolfo Mesquita Nunes.
Coloco a imagens deles os dois porque os ouvi, confesso que já faz alguns dias, falar sobre o tema e ficou-me a convicção que nem um da direita nem a outra da esquerda tinham mesmo percebido o fenómeno.
Por muito bons que fossem os argumentos do AMN sobre o facto de as respostas mais perturbadoras à invasão russa terem vindo da esquerda e não da direita que até em certas circunstâncias esteve perto de Putin, ele não conseguiu, acredito porque não sabia, explicar essa proximidade que era evidente das direitas mais assumidas com Putin, ou se quiser os Russos.
E essa proximidade não era pelo autoritarismo de Putin.
Que fique claro. As razões que levavam a essa proximidade durante anos continuam iguais, estão lá e não se deve ter vergonha de assumir.
Aliás, confesso que quando oiço o Putin a falar em cancel culture, na JK Rawling e no antiwoke só reforça a minha perceção que Putin está mesmo a sentir o fogo a chegar ao rabo. Não era nada disto que ele antecipava. Ele, que não é burro, ou como Trump diz é um “smart guy” percebe que está mais perto de entrar para a história como o presidente russo que transformou a mãe Rússia na Coreia do Norte dos Urais do que ser o grande Czar Putin o Grandíssimo.
Mas voltando à vaca fria – Aquilo que aproximou a direita europeia e a direita populista norte-americana de alguma forma de putinismo foi Alexandr Dugin.
Na teoria da Eurásia do mesmo, ele deixa sempre claro que não tem problema nenhum com a democracia. Também deixa claro que não tem problema algum com o liberalismo. Por isso Democracias Liberais não são problema.
O problema dele, e por arrasto de Putin, e por onda da Rússia armada, é que vivemos tempos de Democracias Liberais de Modernidade! E é essa modernidade, essa modernidade que acredita ter arcaboiço para reinventar o liberalismo como uma criança consegue reinventar o mundo no seu quarto com a cabeça na almofada, é o que trouxe essa Direita à conversa com o Putinismo.
Não é claro para as direitas que as “Democracias Liberais da Modernidade”, assim as 3 palavras juntas, não sejam mesmo um problema para o mundo. Não levam isso para o banco. O facto de ter a palavra Democracia e a palavra Liberal não é suficiente para não desconfiar da tal palavra que se sucede que é a modernidade. Mas que modernidade? Quem nos explicou o que isso é?
Eu, o singelo eu, partilho a desconfiança dessa modernidade. A desconfiança de não me ter sido explicado em que se diferencia esta modernidade da diversidade e interseccionalidade que nos engolfa e engole no quotidiano, da modernidade catastrófica e suicidária do precipício penhasqueira do fim da era romana ou da anterior mesmo a essa, a modernidade do abismo do fim da idade do bronze. - Sabem de onde vem a “história” de Sodoma e Gomorra, não é? – Vem do estado das sociedades (presumo que algumas) nos anos que antecederam o fim da idade do Bronze, o ano do fim da civilização como é conhecido o ano de 1176 antes de cristo. Foi essa “história” que passou para a bíblia sob a forma que passou.
E por isso, que se lixe o Putin e a Rússia, até que se lixe a Ucrânia (ah pois é), se a contrapartida for deixar de questionar essa nova modernidade que não está de todo explicada ou sossegado os nossos espíritos que não se trata meramente do terceiro suicídio civilizacional do Ocidente!
Como nos dois casos anteriores as pessoas podem bem estar a caminhar sem questionar para tal penhasco e dali se cai durante séculos anos até se voltar a erguer.