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A segunda questão importante é:
Um partido político é uma equipa a tentar controlar a governação do país ganhando acesso aos cargos políticos.
E tal como Downs nos demonstrou em An Economic Theory of Democracy em 1957 o homo politicus racional actua sempre da seguinte forma e pela mesma lógica:
a. Toma decisões quando confrontado com alternativas;
b. coloca as preferências por ordem;
c. usa um ranking transitivo (vamos focar-nos nesta);
d. escolhe sempre a opção que mais alta estiver no ranking ;
e. faz sempre a mesma escolha quando confrontado com as mesmas alternativas.
Este c. que acima menciono , este ranking transitivo (Transitivity of preferences) é um principio fundamental de qualquer modelo de racionalidade nos processos de decisão (decision making) - E no fundo diz que se eu prefiro A a B e B a C então eu prefiro sempre o A ao C. É este processo que ocorre no decorrer da política e das decisões que os políticos tem que tomar.
Avaliar as questões desta forma é descer à realidade, é colocar os eventos à escala do pensamento mecânico (que explica como irei fazer) e não meramente por algo conceptual como se fosse uma rede nomológica (em que enuncio concepções sem explicar como as vou fazer) . É por isso que os políticos são todos iguais (ainda bem) : Porque as suas diferenças estão na fase conceptual, na fase das construções teóricas, no enunciar de relações entre as observações e as construções teóricas (nomological network).
Contudo quando chamados a decidir o homo politicus faz ao que tem que fazer. Olha para as alternativas, coloca-as numa determinada ordem e decide procurando muitas vezes o mal menor e a arte do possível.
Ora no campo do nomologico não temos que dizer como é que vamos fazer. Basta dizer que eu observo que o deficit é melhor controlado pelo crescimento do PIB visto ser um ratio sobre o mesmo… e isto é óbvio. Mas não tenho que explicar como o vou fazer, explicar através de Mechanical thinking o mecanismo através do qual irei obter determinado resultado. É que o primeiro é abstracta (não existe no espaço e no tempo) o segundo existe. É real.
Vivemos sob o primado do primeiro, porque o primeiro permite um manancial enorme de conteúdos, repetidos, recauchutados e restaurados… o Mechanical thinking acaba na explicação das rodinhas do relógio. Acaba rápido e não dá verborreia de conteúdos com que se preenche o vazio.
Entendeu Constança Cunha e Sá?
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