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Não comentei aquando do debate entre André Ventura e Catarina Martins. Esperei pelo debate com Rui Rio.
Queria ter a certeza.
E tenho a certeza que à exceção de uma hecatombe nas performances de AV, o objetivo está alcançado.
Confesso que tive algum receio que se registasse desde o início, por muito pequenos que fossem, deslizes no discurso do líder do CHEGA que fossem deteriorando as bases do partido e se revertesse nos valores das sondagens. Não aconteceu. De todo.
Chega a ser patético assistir, tanto num caso como no outro, comentadores durante as horas seguintes e até dias seguintes a dizer o que Rui Rio devia ter dito, o que Catarina não disse, etc., etc., como se fosse um de-briefing do canto de um pugilista depois da derrota. – Esta gente, gente das televisões e rádios, nem se apercebe do ridículo que isso é!
E isso ajuda o CHEGA porque as pessoas, as pessoas que poderão votar no CHEGA pelo menos, conseguem ver para além do truque. Quer se queira quer não o chega vai de certeza fazer uma racha na barragem do FCE, do fascismo cultural de esquerda, que vigora em Portugal. Aliás, como no 25 de Abril e na democracia seremos meramente os últimos a faze-lo quando por toda a europa já existe este segmento por vezes há décadas.
Para mim é claro que a grande vitória do CHEGA será manter os valores que tem nesta altura nas sondagens. 7% ou 8% é muito bom porque consegue criar um grupo parlamentar e consegue colocar um conjunto de pessoas na ribalta dos media. Esse será o estágio 2 do CHEGA que é garantir que essas pessoas tenham acesso a debates, tenho poder para ter impacto nas atividades parlamentares que só o grupo parlamentar tem e não os deputados únicos.
Este estágio 2 terá que ser acompanhado pelo mais importante nos chamados estágios 2 da afirmação política para passar aos estágio 3. - Agora vão-se chocar: O CHEGA tem que começar a colocar pessoas com tachos. Sim tachos. Se o Chega não conseguir colocar pessoas em cargos de administração publica que depois, pagas as contas do supermercado lá para casa deles, se possam dedicar ao combate político, não terá a capacidade de ter voz, nem unidade, nem lealdade. Quem tiver uma visão romântica do mundo ficará chocada, quem souber como o mundo funciona sabe que ou é assim ou nenhum partido vai lá, nenhum partido passará da cepa torta.
O PS, e em parte o PSD mas em menor dimensão, obtém o seu poder porque possuem um mar de gente que faz o trabalho politico que dá dimensão. E todas elas têm cargos na administração pública. Também não é por mero acaso que os partidos vão adquirindo imóveis e património para gerar receitas. bem atirou AV à cara de Catarina Martins sobre o património do BE, não foi? – Tem que ser assim!
Após o dia 31 de janeiro veremos até que ponto o CHEGA conseguirá criar esta forma essencial ao acesso ao poder. No início, durante os próximos 2 anos basta ter os deputados e manter a coluna vertebral. Coluna vertebral neste caso é manter as vértebras todas no lugar sendo que no lugar é a não cair no que se assistiu no PAN e no LIVRE com os deputados a trair o partido seja por invejas, ciúmes ou meramente narcisismo. – garanto-vos que é bem mais difícil do que pensam. Leva anos a separar o trigo do joio.
Mas depois, aos poucos, tem que criar pessoas cuja função é morder e criar conteúdos sem ter de se preocupar como vão pagar as contas lá de casa. Essencial. Porque o CHEGA, como o VOX em Espanha, só consegue vencer os debates se tiver gente que não faz mais nada que não seja preparar-se para vencer decididamente esses debates!
Mas fiquemos por aqui, por hora este estágio 2 parece, parece, estar atingido.
Parabéns ao André Ventura.
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