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O sorriso do ministro

por Olympus Mons, em 26.12.21

Retrato_oficial_Pedro_Nuno_Santos.jpg

Pedro Nuno, aquele que eu acredito ser verdadeiramente o próximo primeiro ministro de Portugal porque é o único capaz de reiniciar a geringonça e a geringonça é o que a maioria dos portugueses ainda quer. Aliás, querem a 2.0 para sermos a Grécia do Syriza como il fault!

A aprovação do processo de refinanciamento da TAP pela união europeia é mais um degrau na caminhada do senhor e compreendo o sorriso dele. 


Como já aqui escrevi, o mais surpreendente neste processo da TAP em relação ao Ministro é que ele foi suficientemente inteligente para perceber que o conhecimento dos portugueses sobre a companhia aérea e a indústria é próximo do zero e por isso, quando ele aprendeu a mantra correta, passeou-se pelas televisões a dar tautau a políticos, comentadores e jornalistas, alguns vedetas do comentário de economia nas nossas TVs, que tinham obrigação de saber mais, de estar mais preparados… -  sim, a TAP tinha uma contribuição para a balança comercial superior a 1.3 mil milhões de euros, sim exportava mais de 2.5 mil milhões de euros, sim era 2% do PIB português…. E não, não recebia dinheiro dos nossos impostos (desde 1998).  Ou, sim é uma indústria peculiar de capital intensivo que crescia todos os anos e não tinha propriamente problemas de caixa. Quer dizer, por vezes até podia ter mas conseguia empréstimos de muito curta duração que pagava rapidamente daí conseguindo manter a sua dívida nos 900 milhões durante mais de 15 anos com muitos desses anos com prejuízos. A TAP, ao contrário da esmagadora maioria das empresas (totalidade?), pagava durante esses anos todos, desde o início do século, todos as faturas recebidas no momento em que as faturas entravam e eram processadas (ao contrário de 99% das empresas em Portugal) pese embora também saiba que nos últimos anos já tinha aderido a essa prática de protelar os pagamentos. – Em resumo, não estás falido se abres a gaveta e tens sempre dinheiro em caixa para cumprir com as tuas obrigações, certo? Pelo menos até ao dia (em que não cresças). São assim as companhias aéreas. E se calhar ao final do dia Portugal nao tem dimensão demográfica ou económica para ter uma companhia aérea. Mesmo tendo o Brasil como parte de portugal. Sim, para brasileiro a TAP era parte das companhias aéreas nacionais. 

faz-me confusão a dificuldade que pessoas que deviam ter essa capacidade de perceber que a TAP só existe porque tem um HUB  e o conceito de hub & spokes, o conceito de tráfego em O&D é que sustentava a TAP. A conversa parva das pessoas, especialmente do Porto para ser sincero, tira-me do sério pelo provincialismo de apesar de terem uma ponte aérea para lisboa (voos de hora a hora) não percebem que sim, uma companhia aérea só pode ter um HUB! porque de resto não é viável de todo (a não ser que seja low cost que é dos negócios mais canibais que há) muito menos se fizer voos intercontinentais.

Mas então, porque discordo desta opção de injetar 3 mil milhões na TAP?
Porque o que era já não vai ser. É peculiar não é? sempre defendi a existência da TAP porque trabalhando nesta indústria, uma industria de leões e predadores lean and mean a TAP era um animal de respeito. Era uma besta de respeito! Chegava a fazer sangue a verdadeiros colossos. E Portugal não tem muitas indústrias assim.
Mas o mundo mudou. Resumindo isto tudo:  A TAP não tem o know-how, não tem os recursos humanos (muitos dos melhores foram embora), não tem visão e estratégia montada (que tinha que ser sido montada em 2020) para atingir o chão a correr quando a procura reiniciar!
Hit the ground running…não vai ser a TAP. Vai ser sim um animal a lamber feridas, absorvido nas suas próprias maleitas e acabará absorvida por outra companhia maior que irá usar a TAP meramente como vector operacional dos mercados que dá jeito. Ou seja, quando alguém medir verdadeiramente o peso da TAP na economia daqui a 5 anos, daqui a 10 verá o que devia ser obvio agora. – Os 3 mil milhões foram um investimento mau porque o peso da TAP no PIB, nos ordenados pagos em Portugal, no consumo de empresas portuguesas, etc. vai ser muito menor, muito menor do que era em 2019 ou 2010! Investir 3 mil milhões neste “plano de negócios” só pode ser considerado mau negócio.

Mas nessa altura já Pedro Nuno estará noutra ou na melhor das hipóteses estará no ponto em que se encontra António Costa que é pronto para zarpar daqui o mais rápido possível!

Burros são os tugas… não eles!

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4 comentários

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De Zé Manel Tonto a 26.12.2021 às 19:53

Olympus,

Tendo em conta que conhece o sector, consegue explicar-me algum racional económico para sustentar algumas rotas da TAP?

Há uns tempos fui ver as rotas da TAP, mais por interesse relativamente a algumas rotas para os Estados Unidos, mas no site anunciavam algumas novas rotas para o próximo ano, entre as quais Oujda, no Norte de Marrocos.

Pensei: "Mas porque carga de água? Haverá Marroquinos que chegue em Portugal a querer ir para Oujda? Haverá Marroquinos que chegue em França, ou Espanha, a querer ir para Oujda, que não tenham como melhor hipótese um voo sem escala em Lisboa?"

E lembro-me de ver outras rotas (que agora já não existem, surprise, surprise), entre as quais Tallin, na Estónia.

Eu, por viver no Reino Unido, e usar frequentemente a British Airways, verifico o site desta com alguma regularidade, e a TAP viaja para sítios que a British Airways não viaja. E falamos de países que não têm ligação nenhuma especial, seja de imigração, ou outra, a Portugal.

Percebo a TAP voar para Luanda, e outras companhias aéras Europeias não. Mas Oujda? Ou Conakri?

O contribuinte Português não meter dinheiro na TAP é verdade, até não ser, como se vê agora.

Se quem paga impostos em Portugal (e eu não pago IRS, mas pago muitos outros quando me deixam ir aí) olha para estas coisas, há de se perguntar, "mas para que quero eu meter dinheiro numa companhia para voar directo de Lisboa para onde Judas perdeu as botas?"

As minhas reticências relativamente a salvar a TAP não são por causa das rotas directas de várias cidades Norte Americanas para Portugal, ou de várias cidades Europeias, e depois ligar para África, e Brasil.
São que, se calhar, uma boa parte das rotas não são tão úteis quanto isso, e o dinheiro está a ir para manter coisas que não são rentáveis.

O covid, para a TAP, é como o ito (penso que de Warren Buffet), que quando a maré baixa vê-se quem estava a nadar sem calções.
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De Olympus Mons a 26.12.2021 às 20:27

Zé,

a. Pelos dados que conheço (MIDT) não encontro razão no mundo para voar para Oujda. - Mas como nos últimos 2 anos as decisões de rede da TAP esteve entregue a um personagem (agora despedido) que eu considero maluco, nada me surpreende!
Quanto ás outras rotas que menciona, e todas as anteriores eram sustentadas por dados de procura, do tal MIDT ou de dados do DDS (da IATA) e eram decisões racionais. – Eram apostas sustentadas em modelos analíticos.

b. “Haverá Marroquinos que chegue em Portugal a querer ir para Oujda? “ – Essa é a pergunta errada 😊 – A pergunta certa é, em toda a rede TAP haverá gente suficiente para fazer com que o voo valha a pena? Repare, 4 vindos dos NYC, 3 boston, 10 de Paris, 5 de nice, 1 de Madrid mais 1 de mais 1 de… isto multiplicado por uma rede de brutal para a dimensão de Portugal que a TAP montou. E aqueles voos, em ondas, chamados banks, consegue dar ligações, mais ou menos de todos para todos que fazem com que as rotas mais inacreditáveis dessem contributo positivo para a companhia. Imagine como Dakar sempre foi um voo bom para TAP e no entanto não temos uma comunidade senegalesa em portugal, certo?

c. “"mas para que quero eu meter dinheiro numa companhia para voar directo de Lisboa para onde Judas perdeu as botas?" . Não , não… nisso não meta um tostão! Aliás fazia muitos voos da TAP em que a maioria dos passageiros eram brasileiros. Muito voos, pasme-se, lisboa Nice e para aí 50% do voo eram brasileiros, e nem 5% eram portugueses. Ou voos de Frankfurt – Lisboa cheio de alemães que quando chegavam a lisboa uns iam para o fortaleza, outros para o Recife, outros são Paulo… etc. – Estes bilhetes eram exportação, é dinheiro dos alemães que pagam bens e serviços de empresas em Portugal e pagam empregos de portugueses com ordenados médios acima de 2300 euros. Feitas as contas, a TAP exporta muito mais do que importa bens e serviços. Mesmo contando com combustível comprado á Galp como importação.

d. Zé levava tempo a explicar. Mas o plano do David Neelman estava correcto. E Portugal ia lucrar muito com isso. – Mas crescer como a TAP estava a crescer tens que ter alguns anos de perdas para depois sedimentar operacionalmente para teres lucros. Quando cresces costuma-se dizer na industria que no primeiro anos perdes à bruta, no segundo atinges o breakeven da rota e no terceiro já podes começar a ganhar dinheiro com aquela rota. A TAP estava a crescer para os 20 milhoes de passageiros… estava na altura em que algumas rotas estavam a afundar resultados das boas rotas mas que a curto prazo equilibrava. Depois veio a pandemia…

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De Zé Manel Tonto a 27.12.2021 às 10:17

"não temos uma comunidade senegalesa em portugal"

Tinhamos o Mamadu, mas ele agora é Português.
lol
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De Olympus Mons a 27.12.2021 às 16:05

sim... dos bons!

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