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Os cegos e os que não querem ver

por Olympus Mons, em 09.03.14

Segurem-me que eu ainda faço um paper e submeto ao jornal of antrophology.

 

A mente humana não tolera vazios. E o maior vazio na actualidade antropológica é toda a confusão na pré-história europeia… Não. Temos que ser precisos. O mistério é quem eram e de onde veio a linhagem genética masculina europeia, os R1b da europa ocidental. Para a maior parte dos historiadores, antropologistas e paleo-geneticista europeus e norte-americanos existem uma verdade que lá ao fundo no cérebro os chateia. Essa verdade (e como verdade leia-se a história mais plausível), essa coisa que não se diz,  é somente esta:

 

 Os R1B da europa ocidental, vieram pelo norte de África provenientes do Cáucaso, com uma língua que não era indo – europeia mas era parecida, que vieram com o Haplogrupo mtdna H (ou pelo menos parte). Que entraram na europa pela península ibérica, que na ambientação a esta nova  casa atingiram o seu apogeu no estuário do Tejo, que partiram dali como bell beakers (a primeira vez que se viu humanos em contexto de cultura) que dominaram a europa ocidental e mais tarde o mundo.

 

Quem fizer um paper com isto que vos vou escrever tem os holofotes do mundo antropológico sobre si.

 

R1b – Estepes e Médio Oriente (R1b1)

Entre 12 mil anos e 8 mil anos atrás os r1b eram a Sub Clade M343 originária do Cáucaso e foram descendo vindo do Mar negro e do Mar Cáspio, pelo médio oriente. Esta deve ter sido um período histórico curioso, porque se foram cruzando com pessoas de outras haplogrupos (G, J, E) e como as misturas autosomal (load genético que determina nosso aspecto físico) eram menores podiam identificar-se bem uns aos outros como membros da mesma tribo  e claramente identificar quem não era.

Toda a gente assumiu durante anos (e ainda se faz um esforço brutal para fechar os olhos) que os R1b M335 (Anatólia) foram atrás dos G2a na conquista da europa como agricultores do neolítico mas a verdade é que não se encontram R1bs nem por cima nem por baixo do mar negro, nem no resto da europa durante o neolítico. Na europa aparecem muito depois há 5,000 mil anos atrás (como R1b bell beaker).

 

R1b África – Enquanto neste inicio do neolítico (9-8 mil anos) os G2A da Anatólia partiram pelo mediterrâneo norte para conquistar a europa como agricultores os R1b partiram pelo mediterrâneo sul (Africa).  Os  V88 (R1b1c)  acabaram  Curiosamente a meio de África  e os  R1b M269 (R1b1a - nós europeus) passámos pelo Egipto e foram para a Argélia.  Já num post anterior falei sobre o tutankhamun, o National Geographic e o facto de a imagem que eles mostraram numa das imagens da descodificação genética era de um r1b. Lembram-se? Começa a fazer sentido. Se as autoridades egípcias revelassem os resultado das análises genéticas à sua múmia (que se recusam determinantemente a fazer- porque será?) teria interesse saber se ele (caso se confirme ser R1b) se era de V88 (que acabaram em algumas tribos da África central e hoje devido ao admixture são negros) ou M269 ( que acabaram na Europa).

 

No meu post anterior , Por (não) falar em alterações climáticas,  está um mapa climático de todo o período holoceno.  Se lá forem ver reparam no período de climate optimum 8-6 mil anos atrás em que as condições de habitabilidade no norte de África eram muito boas. Mas depois podem reparar, algo como há 6200 anos atrás,  aquele longo período de frio (na europa), que significou para os R1b que estavam no norte de África, tal como para os agricultores do neolítico mais a norte na europa (devido ao Frio) , um período de grandes dificuldades devido ao avanço brutal do Sahara e do  clima quente e seco.

Fica a curiosidade de que (provavelmente claro) os R1b passaram pelo Egipto antes do aparecimento das primeiras dinastias Egípcias  e que o inicio do bell beaker na Europa começou exactamente no mesmo período do inicio das dinastias arcaicas no antigo Egipto. Que tem em comum? Verifiquem no meu post anterior quando começa o segundo Holoceno Climate Optimum.

 

Os R1b começam a  passar o mediterrâneo para a península ibérica. E mais especificamente para lá do guadiana (rio Ana) ou seja para Portugal.  Em África ficou o legado genético e linguístico (nos berberes e Tamazights) . 

Não sei dizer muito sobre estes. Não sei  nada sobre a história deles (nem acho que se tenha feito esses estudos genéticos em profundidade) . Mas sei que, primeiro, têm um número muito elevado de MtDna do haplogrupo H tal como a globalidade dos europeus ( e ao contrário dos outros na região)  e claro que sabemos  que são o grupo paleolítico do norte de África (habitantes originais)  e que a sua língua ancestral se assemelha e muito ás línguas ibéricas ancestrais (que já lá vamos).  Evidente que com tudo o que passaram nos milénios seguintes nada  terá restado da linhagem R1b, primeiro pela evasão dos J2 que deram nos cartagineses e muito recentemente pelos seus habitantes actuais, os árabes (E3b)  que estão lá há meia dúzia de dias. Mas como sabemos homens e elementos do sexo feminino não dá muita hipótese da linhagem ter sobrevivido. Claro que a linhagem Mtdna, do haplogrupo H, por lá ficou e bem implantada (também explica esse mistério). Matam-se os homens mas obviamente que não as mulheres, como bem sabemos.  Apesar de já haver muito DNA H na europa  (vieram com os Agricultores G  do neolítico) a verdade é que a sua dessiminação é concomitante com a dos bell beaker R1b e que por exemplo, as populações do actual pais Basco sofreram uma substituição do seu Mtdna K pelo H por volta dessa altura.  

 

 Os R1b quando passaram o mediterrâneo para o lado de cá acabaram em Portugal. Não devia ser um grupo muito grande. Mas por alguma razão passaram para lá do rio guadiana e muito rápido para lá do Tejo. Na verdade já cá habitavam humanos (por isso os portugueses tem ainda dois genes únicos no mundo) mas a verdade é que pouco depois (1000 anos?) existia a cidade de Zambujal em torres vedras (ver o post Eu que nem tenho nada a ver com esta área!), existiam pequenas aldeias fortificadas ao longo do estuário do tejo, e imensas e vibrantes destes aglomerados a sul de Évora.

E nessa altura, estes povos amantes das suas placas de 15 cm, estavam a fazer os potes do bell-beaker. Potes estes que tem semelhanças muito grandes com outros potes anteriores ao bell beaker...  sim advinhou. os potes de barro do norte de Africa! Como os retirados do cemitério de Skhirat. 

Alem disso, pelo norte de Africa encontram-se setas em imensos locais, setas muito parecidas com as setas dos R1b Bell Beakers, que como sabemos eram os arqueiros deste periodo.

 

Mas a verdade é que pouco tempo depois estão a espalhar a cultura, a hierarquia, a ordem social, a cerveja e o meade,  por essa europa fora e a espalhar a linhagem R1b pela europa ocidental. A europa deixou de ser grupelhos de pessoas a viver mais ou menos juntos para ter cultura.

 

Os que cá ficaram, do estuário do Tejo  e da cidade de Zambujal transformaram nos Oestrimnios e sul do Tejo, a partir do vibrante grupo a sul de Évora, nos Coinios.   

Algum tempo depois eram aqui os Kunettes (algarve) os  Celtici (Alentejo) e keltoi e  os do norte do Tejo em Lusitanos.   E os Tartessos…. Os tartessos e a sua língua é outra das grandes confusões que é resolvida pela vinda dos R1b por África.

 

R1b e a confusão da língua.

A  língua tartessiana. E a confusão toda que existe na comunidade linguística por causa dos Bascos e do tartessiano e dos celtas. 

Quem entende o que eu acabei de descrever pode perceber a confusão.

Este língua, e os textos das placas de Mesas do Castelinho (Almodôvar) ou fonte velha, estão ainda hoje não classificados e sendo registado as suas semelhança com outras paleo-línguas ibéricas, basco e …antiga língua berbere. 

Contudo, como John Koch defende tem também grandes semelhanças com o celta (quando se elimina a coisa estúpida de achar que celta, celta mesmo é o celta  da Irlanda, provavelmente a ultima parte a ser celtificada) e com sequencias inteiras da língua Indo-europeia porque na verdade os R1b vieram com uma língua Indo-europeia tal como nessa altura os R1A vinham pela europa central com outra, muito parecida, língua indo –europeia.

 

 Confessadamente a língua basca continua envolvida em enigma . porque é de todas a que menos relação tem com qualquer elemento  indo-europeu.  Mas não será de todo impossível imaginar que tendo sofrido uma verdadeira substituição do MtDna (mitocondrial DNA) do haplogrupo K para o H (que menciono acima) nestes 5 mil anos que por alguma razão tenham mantido a estrutura da antiga língua e seja essa a razão pela qual mantem tantos traços distintivos das língua Pie (proto Indo european). Aliás essa passagem PIE-Celta-Basco  é abordada por Gianfranco Forni (Evidence for Basque as an Indo-European Language) , que de uma língua original tenha adquirido traços celtas (na verdade R1b e Indo-europeia) trazidos pelos lusitanos quando substituíram aquele load genético referido atrás.  Por isso existem todas as questões levantadas por Theo Vennemann,  e  também todas a vezes que se tenta associar o Basco a línguas do Cáucaso (de onde originam os R1b e os R1a) , ao Katvelian e tchetcheno, etc. – Sim as língua europeias antigas eram um mixórdia de inputs e talvez por isso tenham sido homogeneizadas com facilidade por uma língua mais estruturada geograficamente como as língua Indo-Europeia.

 

 

Assim, esta confusão toda das línguas Paleo-ibéricas, com os traços locais, dos fenícios e outros, mas também com traços Celtas e Indo-europeus, só existe porque não se assume que os R1b da Europa ocidental vieram por África, se calhar até apanhando elementos dos berberes, mantendo traços característicos e distintos relativos ao Indo-europeu puro dos R1a e dos Kurgan da cultura Corded Ware que se deslocavam pela europa Central - Quando se encontraram não deve ter sido um problema muito complicado para os cérebros dos R1b aceitarem, assumirem e assimilarem, línguas indo-europeias (outras).

No fundo eram, pelo menos em parte, também as suas, somente destituídas de uma miríade de elementos diferentes foneticamente.

E por isso, deste substrato bell beaker e R1b, nascem os celtas, com os seus escudos em forma e V, com espadas em folha, as lanças ibéricas com forma ogival…tal como a dos irlandeses. É só parar de olhar para a história de Hallstatt e La Tène (de onde se julgava ter vindo os Celtas) e olhar para realidade.

 

Bela história Olympus… mas que provas tens?

Ah! Várias. Mas isso é o próximo post.  Porque temos que falar de HLA (Human Leukocyte  Antigens) para dar a estocada final …. E alguém sabe porquê?

 

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1 comentário

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De Anónimo a 10.03.2014 às 18:05

Vejo que tem material para um paper... :-)

Maria Rebelo

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