Partido Dejá vu
Por vezes vejo a dificuldade das pessoas ao meu redor em perceber o que é politicamente o IL.
Já manifestei a ideia de que o IL não traz nada de novo ao pêndulo. IL é uma versão do PSD mas não tanto na formula que as pessoa acham, visto ser um pedaço do PSD mais á direita mas também, e para mim mais importante, um pedaço do PSD mais à esquerda que o centro do PSD.
Mas, mais importante que isso tudo, é aquilo que o IL representa nível de fenótipo humano. Parte do que assisto como fenómeno político relativo ao IL é claramente criação da Imprensa e das elites urbanas, as mesmas elites urbanas, que acharam e em parte acham ainda piada ao BE. - São os mesmos.
Mas gostava de explicar de outra forma. Da forma Haidtiana.
Nos estudos de Jonathan Haidt havia inicialmente as pessoas que só tinham (valorizavam) pilares sociomorais normativos (pessoas de esquerda) e pessoas que valorizavam todos os 5 tanto os normativos como os descritivos (pessoas de direita).
Mas havia um glitch nos dados. Havia pessoas que não se enquadravam nem num nem noutro e eles voltaram ao drawing board e perceberam que eram pessoas que verdadeiramente só possuem uma afinidade com a liberdade (liberty) como pilar moral, daí que sejam libertarians, e para o efeito a teoria Haidtiana dos pilares morais teve que acrescentar liberty como o 6 pilar moral. Fora a liberdade individual, os Libertarians, os ILs, estão-se verdadeiramente a cagar para qualquer outros dos pilares morais essenciais às sociedades humanas, sendo caracterizados por uma forte tendência utilitarian assente na razão e por isso assente no erro de Decartes. Na verdade os ILs desta vida denotam pouca valorização em todos, todos, os outros pilares morais: Harm/care, Fairness/cheating, Loyalty/betrayal, Authority/subversion; sanctity/degradation.
Não se iludam. – tirando o apelo á liberdade, que concordo é um déficit em Portugal, o IL vai votar ao lado do BE e do PS em inúmeras coisas, curiosamente não porque acredite fortemente mas unicamente porque como se consegue colocar a questão como uma de liberdade e isso será sempre o suficiente para um libertarian. Mas não se iluda, se você quiser saltar de uma ponte um libertarian está pouco a marimbar-se nem isso elicitará qualquer reacção da parte deste. A adesão de um libertarian mesmo ao Harm/care é baixíssima, mesmo quando comparado com um chimpanzé. Isto é pessoal que positivamente se está a marimbar. O utilitarian está-lhes no sangue e qualquer ilusão que esta gente irá perceber aquilo que nos une e nos cega enquanto seja o que for, enquanto identidade, enquanto país, enquanto civilização é pura ilusão. Fica-lhes que num mundo de harm/care e fairness/Justice muita das questões podem ser colocadas sob a forma de liberdade ou opressão e neste mundo de esquerda (porque a esquerda também adere ao pilar da opressão muito rapidamente) os IL conseguem entrar dentro do mainstream com facilidade porque não estão a tentar introduzir nos conteúdos, na linguagem, os outros pilares banidos, os tais que bind and blind e que ao final do dia são o que cria capital social.
Tradicionalmente as pessoas da família política do IL, sentam-se politicamente entre as famílias políticas do PS e do PSD. Muita gente acha que o IL (e de certa forma aceita-se) é a ala de direita do PSD mas a verdade é que uma leitura mais atenta, uma observação mais atenta da sua atividade, mostra que por norma, na Europa, eles atuam entre os socialistas e os Populares e não há direita como se pode pensar. Não tenho dados que o suportem, ainda, mas tenho para mim que muito do crescimento do IL assenta em pessoas que votaram no PS ainda não há muito tempo e que agora querem mudança e a sua passagem segura não é votar no PSD mas sim votar no IL. – Sociologicamente para pessoas de esquerda votar no IL não ofende em nada as suas sensibilidades.
Aliás, até acho que o IL poderá ser, ainda mais, a surpresa destas eleições porque se apresenta como a coisa de cara lavada, sei que muito promovido pela imprensa, mas ainda assim um partido em perfeita consonância como o socialistão e com o regime e aí assenta a propaganda free que obtém por parte dos opinion makers do regime. Como coisa nova num país sociologicamente de esquerda deve conseguir muito mais do voto jovem do que os restantes partidos. Existem ainda muitos jovens que vão votar e que possuíam ainda há pouco tempo dúvidas sobre em quem votar sendo que acho que uma inclinação notória deverá pender para os IL. O suficiente para bater os 5%? Talvez.