Pensamentos assustadores
Qual a questão que mais vos assusta na modernidade?
De todas mesmo, qual a questão que mais desejam que as vossas suspeitas ou meramente dissonâncias como no meu caso, sejam demonstradamente erradas?
Para mim, hands down, é: E se havia um imperativo para que as mulheres fossem colocadas à parte nos movimentos sociais. Dito de forma mais crua se havia uma razão para as mulheres estarem na cozinha e não entrem na sala quando os homens "estavam a falar". – Nada é mais assustador que isto.
Para mim, até há bem pouco tempo, mesmo talvez 3-5 anos, não era sequer assunto. O patriarcado era meramente uma manifestação do stress ecológico, logo quando a história removeu esse stress ecológico nas sociedades que hoje são desenvolvidas deixou de haver necessidade e o mundo estaria a adaptar-se. Não consideraria mais que isso.
Contudo, tenho um princípio, que é o seguinte: “Se todas as tradições são soluções de problemas que já nos esquecemos quais eram, então se estás a remover a tradição explica lá qual era o problema e qual a nova solução”.
No caso da igualdade de género abria uma exceção porque era tão óbvio que nem valia a pena explicar.
Nos últimos anos tenho tido esse incómodo.
Como já aqui expliquei todos os estudos sobre por exemplo desigualdade de remuneração nos mostram que o género da pessoa não é relevante mas sim outras variáveis. Nesse caso o neuroticismo e afabilidade são de longe as maiores variáveis. Ou seja, um homem que possua maior neuroticismo ganha menos que uma colega do género feminino que possua menor neuroticismo. O mesmo para a afabilidade.
Ora, acontece que as pessoas do sexo feminino se caracterizam por valores realmente muito mais altos no neuroticismo e afabilidade.
“Neuroticism is a personality trait associated with negative emotions. It is one of the Big Five traits. Individuals with high scores on neuroticism are more likely than average to experience such feelings as anxiety, worry, fear, anger, frustration, envy, jealousy, pessimism, guilt, depressed mood, and loneliness”
Qualquer leitor atento repara no dimorfismo político-social existente. É uma realidade observável em todas as estatísticas que já consultei. Os homens, de todas as faixas etárias, que são cognitivamente de esquerda (extrema ou não), os homens que são "woke", que são "liberais", estão ao mesmo nível estatístico, mas nas mulheres os valores estão a atingir níveis estratosféricos.
São diferenças "estratosdiabólicas"!
Os movimentos nas sociedades ocidentais que são mais socialmente radicais, que eu considero aberrantes nas opções educacionais, médicas, nas visões destrutivas da sociedade, algumas até à liquidação de todos os normativos que determinam quem somos, estão sobre representados por mulheres. Estes movimentos são caracterizados pela aceitação de tokenismos, ausência total de instinto somático e submissão à pressão social... e são dominados por mulheres.
Mas por que falo disto agora? Porque há apenas uma semana estava a ler este estudo:
https://osf.io/preprints/osf/rvw93
E o que nos diz é que não só as diferenças de personalidade entre os sexos crescem exponencialmente em sociedades mais desenvolvidas, mas também se observa as mulheres a pontuarem muito mais alto em neuroticismo e afabilidade em países mais desenvolvidos e igualitários em termos de género.
Este estudo acima tem como objetivo desvendar o papel da igualdade de género e da riqueza económica no aumento das diferenças de género/sexo nos traços de personalidade entre países, indicando que as diferenças de género/sexo em dois traços de personalidade - Neuroticismo e Afabilidade - são particularmente proeminentes em amostras de países economicamente desenvolvidos e igualitários em termos de género. Na ausência de desenvolvimento económico (ou seja, em países com presumivelmente níveis mais altos de stress ecológico), a igualdade de género não desempenha um papel independente no tamanho da diferença de género/sexo nesses traços de personalidade. O estudo suporta a perspetiva dentro da teoria evolutiva — conhecida como diferenças sexuais evoluídas emergentemente moderadas — que postula que as diferenças de género/sexo nos traços de personalidade são geneticamente predispostas e, ainda assim, sensíveis a influências ambientais e ecológicas.
Basicamente, em países mais economicamente avançados, as diferenças de género/sexo em traços físicos ou psicológicos como Neuroticismo e Afabilidade não são mais suprimidas ou moderadas pelo stress ecológico. Assim, mulheres e homens podem expressar as suas características sexuais evoluídas específicas e a diferença entre eles aumenta.
Sinceramente, não sei o que fazer com esta informação. Sei que o neuroticismo é disfuncional, vemos isso na vida profissional e pessoal das pessoas, na sua felicidade e estabilidade mental. E a nossa resposta como sociedade é implementar quotas? É garantir que todos os aspetos e setores de poder nas sociedades têm representatividade feminina? Sem garantir mecanismos de segurança que protejam as sociedades da kryptonita que é o neuroticismo e da incapacidade de ser "mauzinho" que é tão fundamental em aspetos críticos da sociedade humana?
Não sei o que fazer com tudo isto...