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Porque votaste no CHEGA?

por Olympus Mons, em 13.02.22

Mais do que eu esperava, algo que me tem sido perguntado desde as eleições do dia 31 de Janeiro pelas poucas pessoas que ainda falo de politica é: “porque votaste no CHEGA?”.
E dar resposta a esta pergunta num jantar ou no passeio de uma rua é bem mais difícil do que se possa pensar.

Não posso dizer, porque as meta-normas saídas do 25 de Abril e em vigor em Portugal tem que ser desafiadas porque já são tão dogmáticas que se parecem demasiado com fascismo. Não é uma resposta que colha grande entendimento.  - Aliás, obviamente que as meta-normas do antigo regime também tinham que ser desafiadas exatamente pela mesma razão.

Um bom exemplo foi a reação geral contra o deputado Pacheco Amorim por ter dito que Portugal era originalmente composto por pessoas brancas de raça caucasiana. Não passaria pela cabeça de ninguém exercer punição sobre uma pessoa por ela dizer (esqueça até o originalmente) que a China é composta por asiáticos da etnia Han. Ou que os Camarões são compostos por pessoas negras de etnia Bantu. Nada. Coisa mais banal e verdadeira do mundo. Nem num sítio nem no outro as pessoas são todas com aquela característica! Certo? – Pacheco Amorim falou fora do kayfabe por isso não é o que disse que gera contestação é a quebra da norma que diz que são coisas que não se pode falar.

Há uma regra, uma meta-norm, saída do 25 de Abril que não se deve abordar a etnia ou raça das pessoas. Por isso seremos um dos poucos países do mundo que não sabe a composição étnico-racial da sua população porque, tanto quanto sei, é proibido perguntar até em inquéritos e sensos. O resto do mundo não estão todos errados. O CHEGA diz que isso tem que ser corrigido e temos que conhecer a composição étnico-racial-religiosa da nossa população. Que outra forma no futuro entenderemos os fenómenos sociais a tempo?- Ou seja até abordar determinados temas que na maioria do mundo ocidental ainda é banal, em Portugal já é tabu saído do 25 de Abril. E, reparem, 25 de abril bom, como o partir de uma parede, mas depois era preciso construir uma cozinha decente o que não ocorreu de todo. O CHEGA vem para corrigir isso.

Não se iludam. Foi a extrema-esquerda que impôs a multiculturalidade como meta-norma do discurso (ou seja não a podes contestar como bem) porque sabe que a melhor forma de destruir uma sociedade é injetar multiculturalidade. Novamente é só ler Robert Putnan para perceber que multiculturalidade no mesmo espaço físico é como cancro stage 4 no corpo de alguém. Como tudo o que vem da esquerda a narrativa que alimentam é unicórnio. Nunca se viu a funcionar, mas eles passam a vida a contar o conto.  Não estou a dizer que a decisão das pessoas depois fosse A ou B, mas sim que as pessoas deviam ser informadas e decidir sobre o que querem em relação a algo que não é de todo benéfico para criar capital social. Multiculturalidade nunca resultou como produto social. Nunca. O CHEGA vem para desafiar isso.

Se olharmos, analisarmos, a sociedade Portuguesa dentro de um jogo de teoria de jogos, seja em public goods game, seja em Norms game ou meta-norms game (no sentido de Axelrod) rapidamente concluímos que somos funcionalmente defeituosos mesmo na abordagem que fazemos aos free-riders (ciganos, Rendeiros, Ricardo ES, caciquismo,  etc.) que aceitamos como o inevitável fado. O CHEGA vem para alertar para isso.

Assim, “porque votaste no CHEGA?”
a. Porque não foram corrigidos os defeitos do 25 de Abril e da constituição e isso transformou-se num problema para a Democracia, enviesando sociologicamente o país.

b. Porque os fascistas nunca se apercebem que são fascistas.  Acham sempre que quem os desafia é que é fascista.  E exercem impiedosamente a punição correspondente se não forem desafiados a lidar com oposição ideológica.

c. Porque Portugal é politicamente tão enviesado que o Iniciativa Liberal se quer sentar à esquerda do PSD como se o PSD fosse um partido de direita conservador (quando é do centro esquerda). País politicamente desfigurado.

Em resumo. Mesmo achando que “já fomos” não consigo deixar de apoiar quem ainda vai tentar (cá como na Europa) porque a solução em qualquer sociedade começa por ser sociológica e só depois político-económica. – Quem além do CHEGA luta contra o FCE (fascismo cultural de esquerda)? – Ninguém!

 

PS:  Se este CHEGA têm estofo, vontade e estabilidade nos valores, para produzir esta alteração é outra conversa e algo que só o futuro o dirá. Isto quer dizer que dependerá da influência que Mithá Ribeiro tiver na definição, ou sedimentação, do discurso do CHEGA nos próximos anos.

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