Príncepes...
Confesso, apesar de conhecer de nome há diria décadas, nunca Bernard-Henry Lévy me suscitou grande interesse. Sentia na minha memória que era muito apreciado em alguns círculos, mas para vos ser honesto nem sabia bem se ele nadava no lago da esquerda ou na piscina da direita.
Aliás, ainda hoje não sei. Mas fui ouvindo e lendo sobre ele desde o início desde conflito Russo-Ucraniano em muito fomentado pelo interesse que me suscitou no seu debate com Alexandr Dugin.
Depois fui assistindo a variados debates que teve com até espante-se o assessor de Donald Trump Steve Bannon ou em geral a elite intelectual Americana e Europeia.
Após ver alguns dos debates, e não querendo entrar no conteúdo, algo me pareceu saliente em todo o ensemble dele, e algo a que eu me considero particularmente sensível, que é o puro, não adulterável e dripping privilégio que ele destila a cada frase. - Para se ver assim o mundo, tem que se ser príncipe. E tem que se ser realeza há muito tempo.
Muita da responsabilidade por este disenfranchise das pessoas no ocidente com as suas sociedades advém da falta de respeito que pessoas como Bernard-Henri sempre mostraram pela lei das coisas e pelas coisas que não são lei. Os tais fatores descritivos das sociedades, que não são normativos, e que pessoas como Bernard têm verdadeiro horror de ter que ser cingir ou ter que respeitar. Isso é coisa de pobre. Mas depois como pobre, especialmente pobre que acha que não é, tem a mania das grandezas e revê-se em pessoas como Bernard-Henri. É tramado. Das várias intervenções de Bernard-Henri fica-me continuamente a irritação pelo postering, pela procura de trazer vítimas para a conversa porque com elas no meio não me podes tocar.
Mas fui tentar perceber, mais do que tipo de filósofo ele era, o que era como homem já imbuído da suspeita do que iria encontrar.
E rapidamente descobri que por exemplo quando numa das suas diatribes se viu retido em Sarajevo pela artilharia e snipers sérvios o Presidente francês Mitterrand mandou um jato da força aérea busca-lo para se poder casar a tempo lá para os lados de Cannes. - Se isto não é de Príncipe que é então?
Deliciosa a resposta, de nobreza, que ele deu quando confrontado:
“Don’t you think that’s why people hate you?” I asked him. “What was I supposed to do? Not get married?” he answered. “Mitterand owed me, I helped him save face in Bosnia. I did so much for the French government, in the name of the French government, that it was really the least they could do to help me fly there.”
Aliás, voltei depois a ver o debate dele com Dugin e não entrando pela minha discórdia com a visão do mundo de Dugin, partilhei no entanto o desprezo escondido deste para com o aquele.
Não consigo deixar de achar que estou farto dos dois tipos. Tanto dos Dugin como dos Bernard-Henri. Que venha qualquer coisa de diferente por amor da santa.