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Pois é. Haveria de chegar. Havíamos de chegar aqui. Nem sei se esse é o tom do artigo que faz capa, e que grande capa, mas só o facto de o ser e de levantar a questão indica que estamos a chegar aquele momento.
E qual o momento? - Aquele em que a esquerdalhada acaba sempre por chegar. São peritos em atear fogos, mas é inevitável que alguns desses fogos, e são muitos, acabem para, nas suas perspetivas, ficar demasiado grandes. E nessa altura, viram-se para a audiência e perguntam, “mas os fogos não é uma coisa má”?
Achar que só uma pessoa de determinada cor pode traduzir a poesia de determinada pessoa de determinada cor faz soar alarmes. Começa a queimar muito perto das suas casas. - A seguir vai-se exigir que só pessoas de determinada cor poderá tocar determinados géneros de música porque de outra forma será apropriação cultural. Que história é essa de bandas de Jazz sem ser de negros a atuar? Quem permite tal apropriação?
Para quem não sente fundamentações morais que são descritivas, que são supostas unir-nos a todos sem estar na lei ou sequer escritas a não ser nas representações que nos identificam como por exemplo a literatura ou folclore, o fogo só é mau quando sentem o calor na pele. E mais curioso agora que poderá chegar a profissões que lhes estão perto, como literatura, música e cinema, vão ver a velocidade com que até a nova legislação vão começar a apelar. Esperem só mais um bocado…
Isto tudo lembra-me que para muitas pessoas cancel culture é algo recente. Mas eu sigo cancel culture desde o início do século aplicado aquilo que eu acho foi a primeira vitima. Questionar as alterações climáticas. Pielke (pai e fiho), Judith Curry, Richard Lidzen, Christy, só para mencionar alguns que questionaram não a formulação mas meramente os métodos. Estas pessoas perderam empregos, sofreram perdas de reputação tremendas e muito acabaram por se afastar e desligar completamente do assunto – E estamos a falar de pessoas que eram os pilares, eram os faróis, do estudo não da climatologia (porque era nova) mas por exemplo da meteorologia. Lindzen, no MIT, era considerado o decano dos decanos, o professor de professores, até ao dia em que abriu a boca contra as ofensas que estavam a fazer à ciência. E muita gente que hoje se horroriza com a cancel Culture, achou muito bem que se fizesse deplatform aos maldosos climate deniers, não foi? Pois é. Era nessa altura que tinhas que ter aberto a boca porque o problema são os precedentes que é nessa altura que tem que se levantar a voz em defesa dos que até podemos discordar, mas cujo direito a ter e verbalizar a sua dita opinião é sagrado. Qual o quinto pilar da moralidade de Haidt? – Sagrado e puro. Sim, como o direito a liberdade - De ser, interiorizar e de expressão.
Contudo com o passar do tempo, e o sucesso acima descrito a esquerdalhada foi ateando mais fogos, cada vez mais fogos e com a permeabilidade de professores nas universidades foram começando não a contestar mas a negar mesmo totalmente alguns tenets que nós tínhamos como sagrados. Tu não mudas os axiomas sem ter a certeza! E estes miudos das faculdades começaram a entrar no mercado de trabalho e não têm medo de nada. Vão ter medo do quê? - Em qualquer altura voltam para casa dos pais de classe média alta com o quartinho deles ainda todo arranjado e dinheiro para passarem weekends onde quiserem.
Pois Maximilien Robespierre, o pai do terror da revolução francesa acabou na guilhotina por não ser revolucionário suficiente não foi?
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