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Dizia à dias Jonathan Haidt que um Libertarian não passa de um Liberal que foi assaltado, que foi Mugged, pela realidade.
Não deixa de ser verdade. Muitas vezes os libertarian, que tanto se lê por exemplo no Insurgente, não passam em alguns dos casos de pessoas mais próximas do bloco de esquerda na perceção dos cânones sociais mas sem toda a tónica na sensibilidade do harm/care e do Fairness/reciprocity ou equality.
Veio me isto à memória porque há dias li o recente estudo de Van de vyer et al How the
July 7, 2005, London Bombings Affected Liberals’ Moral Foundations and Prejudice.
O estudo é curioso porque tendo acesso a questionários de cerca de 2500 pessoas no reino unido demonstra com uma clareza impressionante como, após um atentado (no caso o de londres), as posições politico-morais de pessoas de extrema-esquerda (liberals) ficam exatamente iguais às das pessoas de direita. Que curiosamente não se alteram em nada. Após um atentado as pessoas de esquerda tem valores de cânones morais descritivos iguais às pessoas de direita, tem o mesmo endorsement de in-group que as pessoas de direita sempre tiveram, a mesma posição de fairness Foundation nas atitudes politicas e até a atitude e preconceito para com muçulmanos.
Mas talvez o mais incrível é que a posição das pessoas de direita não muda. Em nenhuma das barras. A sua posição matem-se exatamente igual antes e depois de um atentado.
Eric kaufman já nos tinha demonstrado que as pessoas de extrema-esquerda são as que mais endorsement dão por exemplo à multiculturalidade mas curiosamente são as primeiras a abandonar o bairro quando essa multiculturalidade chega com a carrinha das mudanças ao sítio onde vivem.
Agora percebemos todo o postering moral que a esquerda gosta de se intoxicar com (endorfinas, ou seja opiáceo endógeno) não passa de incapacidade de avaliar a realidade. Mas tal como no caso da multiculturalidade, quando esta realidade lhe bate à porta acordam de maneira estrondosa.
Fica a pergunta. Se a esquerda não passa da direita vivendo numa bolha de ilusão com o intuito de se auto endorfinizar… porque lhes damos tanta atenção nas sociedades modernas?
Tinha prometido fazer antes update ao post Nostradamus 3.0 mas não resisto antes em escrever o Nostradamus 3.5.
Isto a propósito das notícias de hoje de que o acordo da esquerda afinal contempla a manutenção da austeridade na plenitude do seu conteúdo …
Tal como fui avisando em diversos comentários …
” o golpe de estado (sort of)" que a esquerda está a fazer ao país não é porque vai tomar o poder e governar à esquerda mas sim porque vai tomar o poder e governar sem grande distinção da direita!”
Fico sempre exasperado e algo desiludido quando observo a “direita” a não entender o que é a “esquerda” e nestas circunstâncias (Syriza, Democraty party, terceiras vias, etc) ficar à espera que a esquerda se comporte na real forma, matéria e teor, do seu discurso e narrativa.
No mais vernáculo dos “Eh Pá!” só me resta fazer “facepalm”.
Tal como tenho tentado alertar, isto significa que toda a conversa a que temos assistido nas ultimas semanas por parte de comentarista ideologicamente mais chegados à direita de como um governo de esquerda com o PS+BE+PCP/PEV advinha um descalabro económico e que dentro de pouco tempo cá teremos de volta os credores e a troika e inenarráveis catástrofes é o erro da direita. Esse menosprezar da esquerda, quase paternal, como se olhássemos para eles com um sorriso condescendente nos lábios.
Atenção (!):
Ser de esquerda é meramente uma preferência neurocognitiva, acentuada, pelos pathways dorsais () no neocortex em detrimento dos processos inerentes aos pathways ventrais. Quanto mais à esquerda a pessoa é mais isola os progressos cognitivos (Ventrais- amygdala, VMPFC e OFC) que são responsáveis por estados autorreferenciais e autobiográficos. No entanto sejas de esquerda, direita ou marciano quando o assunto deixa de ser uma narrativa abstrata e passa a ser um processo de decisões (decisition making) toda a gente, mas toda a gente, usa a parte ventral do cérebro e acaba por globalmente tomar as mesmas decisões (com um determinado grau de variância). Por isso se diz que a direita é egoísta (porque é sempre autorreferencial) e a esquerda é Hipócrita ( porque diz uma coisa mas depois faz outra). Já há mais de 2 séculos que o pai da direita, Edmund Burke, nos assegurava que ser de direita não é uma filosofia (como é a esquerda) é uma atitude de vida …
“Conservatism is not so much a philosophy as an attitude, a constant force, performing a timeless function in the development of a free society, and corresponding to a deep and permanent requirement of human nature itself."[5]”
Quando estes eventos surgem a direita tem que aprender a colocar o foco na hipocrisia (!) sendo que o evidenciar desta, o deixar claro ao publico o que a esquerda tem dito de forma programática sobre a realidade, é a verdadeira arma e antidoto que a direita tem contra a esquerda.
Os dois artigos cujos links tenho no final deste post são emblemáticos. É que quando a esquerda não se comporta, nos processos de decisão, como os anormais irresponsáveis que parece indiciar o seu discurso ficamos, nós todos, muito irritados por afinal eles fazerem aquilo que nós desde o início dizíamos que tinha que ser feito e que nos era de todo impensável não ser dessa forma. Pategos!
http://observador.pt/opiniao/acabou-a-austeridade-reformados-vao-ter-aumento-de-18-euros/
http://observador.pt/opiniao/a-minha-austeridade-e-melhor-do-que-a-tua/
Update 6/11/2015 : é disto que eu estou a falar. I S T O. É assim que se faz:
Escreve num comentário um leitor do observador (Jorge Dinis).
O governo PSD/CDS, insensível, psicopata, fascista e mais não sei o quê, aumentou as pensões mínimas, sociais e rurais de 189€, 227€ e 246€ (em 2011) para respectivamente 201€, 241€ e 262€ (em 2015), um aumento anual médio de 3€, 3,5€ e 4€. Já o governo unido da esquerda (PS/BE/CDU) vai subir, respectivamente, estas pensões 0,3%, em 60 cêntimos, 72 cêntimos e 78 cêntimos. Assim se vêm o respeito pela dignidade dos que menos têm.
Novamente o Rui Ramos
No texto de hoje no Observador (que confesso cada dia que passa mais gosto de ler ) Rui Ramos (http://observador.pt/opiniao/e-tudo-narrativa/ ) fala sobre o modo como com a esquerda tudo se enquadra, ou se reescreve, em narrativas. Por acaso comentei que tinha recentemente lido um paper sobre o VMPFC (VentroMedial prefrontal cortex), área do cérebro que considero ser responsável por um conjunto de processos cognitivos que as pessoas de esquerda não usam com tanta frequência como as pessoas de direita, que as pessoas de esquerda se sentem menos confortáveis enquanto pathway neurológico dando primazia a outros menos auto-referenciais.
Post-retrieval monitoring (also known as the “Feeling of Rightness”) (Elliott et al. 2000,
Milner and Petrides 1984, Moscovitch and Winocur 2002) states that the vmPFC
monitors the information retrieved and tests its veracity. Support for this hypothesis comes mainly from lesion studies, which systematically observe confabulation behaviour in patients with vmPFC damage (Curran et al. 1997, Gilboa et al. 2009, Lavoie
et al. 2006, Parkin et al. 1996, Schacter et al. 1996, Verfaellie et al. 2004).
Na verdade aquilo que o RR reporta como narrativa mais não é que alguma predilecção por confabulação por parte da esquerda. Sem o chamar sistemático do VMPFC a esquerda consegue (mas do que a direita) reescrever os eventos.
Vale a pena ler uma breve descrição do que é confabulação.
In psychology, confabulation (verb: confabulate) is a memory disturbance, defined as the production of fabricated, distorted or misinterpreted memories about oneself or the world, without the conscious intention to deceive.[1] Confabulation is distinguished from lying as there is no intent to deceive and the person is unaware the information is false.[2] Although individuals can present blatantly false information, confabulation can also seem to be coherent, internally consistent, and relatively normal.[2] Individuals who confabulate present incorrect memories ranging from "subtle alternations to bizarre fabrications",[3] and are generally very confident about their recollections, despite contradictory evidence.
Amigos… alguém tem alguma dúvida?
Eu gosto de Kaufamann.
Mas convém Lembrar que Eric Kaufmann é um “left Liberal”, daqueles que até escreve no huffington post - Sim é desses mesmos (! ).
Mas o facto é que o trabalho (s) dele é importante para a compreensão de fenómenos que estão a marcar as primeiras décadas do século XXI e que se prevê durante este século circunscrever muito os eventos sócio culturais e invariavelmente influenciar agendas políticas.
Aliás como agora se viu no resultado das europeias.
No vídeo, a partir do minuto 2.25 começa a dissonância cognitiva dele e a partir do minuto 3.15 começa a confusão típica de quem é de esquerda (denial – pretend not to know)… e a partir do minuto 3.50 aquilo que eu mais admiro nas pessoas de esquerda – A notável capacidade de resolver dissonâncias cognitivas. Sim, sabemos que a resolução de dissonâncias é também conhecido como hipocrisia e que esta está intimamente ligada à esquerda (pela Anterior Cingulate). Mas não deixa de ser admirável.
Kaufmann, que volto a dizer fez (e faz) um trabalho admirável, começa neste vídeo por demonstrar que a fuga dos brancos de zonas de alta diversidade étnico-cultural não é uma questão económica. Não são as pessoas de maior poder económico que fogem dessas zonas deixando para trás os coitados dos mais desfavorecidos (lengalenga usual da esquerda). A seguir usa como argumento contra a explicação o white flight o facto de, pasme-se, os dados até mostrarem que os primeiros a fugir e os que mais fogem de zonas de elevada diversidade até são os mais left liberals. Sim, são os mesmos que mais verbalizam ser a favor de ambientes mais étnico e socialmente diversos que são os primeiros a fugir quando a carrinha das mudanças estaciona à porta deles com essa diversidade cultural ao volante. Não, a razão não pode de todo ser a hipocrisia observada nas pessoas que postulam argumentos mais à esquerda (pretend not to see).
O mais interessante é efectivamente os últimos 3 minutos do vídeo. A explicação avançada por kaufmann é um tributo a Nigel Farage: As pessoas (e leia-se os left liberals até mais que os outros) querem viver inteiramente a sua cultura, as características do seu grupo cultural, composto por networks socais perfeitamente homogéneos e nada diversificado de pessoas que são muito parecidas consigo, desejando mover-se em espaços que para si tenham história e significado e onde símbolos exógenos a esse eu subjectivo estejam ausentes – No shit sherlock!
Sim, este post devia chamar-se o erro de Kaufmann….
O erro de Descartes, como tão bem demonstrado por António Damásio é no essencial o erro da esquerda. Aliás os trabalhos de António Damásio foram no essencial os trabalhos sobre o VMPFC e OFC (globalmente no cérebro as áreas de Brodmann 10, ,11,12, etc.) e o facto de nos processo de decisão não haver forma de isolar os polos emotivos (nem é aconselhável!) e auto-referencias (essencialmente este componente auto-referencial! – aplicar a mim o que verbalizo!) de avaliações mais abstractas.
Mas esta conversa de esquerda, Damásio, Descartes e o Somatic Markers fica para outra altura.
Quem me conhece sabe que eu entendo que ser de esquerda é a reminiscências do homem do paleolítico, do caçador-recolector e que ser de direita é o reflexo nos nossos genes do agricultor do neolítico, dos 10,000 anos que moldaram a evolução. Siga a psicologia de alguém de direita e encontra o agricultor neolítico: A ideia do semear para colher, o guardar para semear, o sacrificar para colher, a propriedade como sagrada - atributo dado pelo sacrifício feito até à colheita (período em que se passava fome) que até á redução na altura das pessoas levou (e a pessoas mais esguias)... Mas 50,000 anos de psicologia paleolítica não se apagam.
Deixem-me, no entanto, ir direito ao assunto! – A importância da ACC (Anterior Cingulate Cortex) na psicologia de esquerda vê-se no modo como os portugueses (de esquerda na sua essência) abordam toda esta questão da crise económica. Quando estamos a viver, a tomar opções e decisões temos que apurar qual o valor expectável. Como seres inteligentes e com memória, a valia de algo estará em grande parte codificado algures entre o OFC (Orbifrotntal cortex) e o VMPFC ( Ventromedial prefrontal cortex) e está lá escrito em pedra (mais ou menos) como expected outocome (resultado expectável). Não se iludam é aqui, na redução da incerteza, que vivem as pessoas de direita: existe um plano, ele representa o melhor que se consegue apurar pela avaliação do resultado expectável das opções possíveis e é para ser executado. Foi assim com o plano do Sócrates, foi assim com a troika e o actual governo. Reduzir o deficit (que ao final do dia é dívida) e inverter as condições macro económica como a balança comercial, cobrir os investimentos com as poupanças, procurar incrementar o peso dos bens transaccionáveis na economia. Ou seja, vamos semear, vamos sacrificar e vamos colher. Este é o mundo da direita. Expected outcome das opções tomadas (que não quer dizer que estejam corretas ou que se concretizem) determinadas pela confiança cega que possuem que a sua VMPFC/OFC (que dominam) realmente olhou para as várias opções e escolheu a acertada e sem sobra de dúvida a mais adequada para o objectivo (goal) que se está motivado para atingir (kennerly et al).
Mas entra a ACC. E a esquerda vive confortável na ACC. - E neste caso a função da ACC é integrar informação que promova (reinforcement) determinados actos/comportamento com base na informação que recolheu num período temporalmente contíguo avaliando o seu expected value (não o outcome ), dito de outra forma qual a sua utility – que se vai realmente ganhar com isso.
Ou seja a esquerda integra o que se está a passar à sua volta (ou que se passou recentemente) para perceber qual o comportamento que deve assumir: Este encode entre os resultados e a actuação imediatamente a seguir é o domínio da ACC e da DLPFC (o A e o D do pathways de esquerda). A direita, considerou as opções, atribui-lhe um valor, escolheu aquela que acha é a correta… mas integra muito mal (tardiamente) as consequências que ocorre durante o discorrer do plano (o que tanto pode ser bom como mau).
O que é computado na ACC vai tentando impor alterações no comportamento (imediatas) conforme as recompensas que se vai obtendo no decorrer do processo. Austeridade, desemprego, impostos (negative outcomes) são imediatamente computados como erro e o cérebro de alguém de esquerda grita, erro, erro, erro! A não concretização de impactos anunciados (como cortes ou reduções salariais) que não se concretizam são imediatamente computados como recompensas (rewards) e como a ACC está sempre a calcular, a integrar, as ultimas recompensas/erro no average do cálculo de probabilidades de acção-efeito, cada vez que uma medida em Portugal não é concretizada (seja por acção do TC ou outra) vai reforçar o comportamento das pessoas de esquerda. E não esquecer que esta pathway de esquerda liga muito à working memory da DLPFC (memória de trabalho).
Já estão a perceber o trabalho dos media? – Os media (composto na essência por pessoas de esquerda) não processam relações de expected outcome, nada disso, reproduzem infindavelmente os efeitos (fictive ou reais) para alimentar essa working memory que por sua vez incita cada vez mais a ACC a determinada visão ou comportamento. E a cada vitória da esquerda mais o referido comportamento se torna repetido, na verdade muito como uma bola de neve, como um crescendo, cada vez … reinforcement history to guide their choices. É sempre o momento actual e o seu peso relativo, e não o passado nem o futuro, que interessa.
Nós tínhamos verdadeiramente duas hipóteses: abandonar o euro e isso muito provavelmente concretizaria cenários em que se dava um default da dívida soberana (se não para quê sair), por conseguinte um default das empresas e o colapso do sistema bancário. Cálculos de um custo por português a rondar os €9,0000-€11,000 logo na saída e de €3,000-€4,000 nos anos subsequentes não andarão muito longe da realidade. Logo uma contracção do PIB a rondar os 40%-50%.
Óbvio que opção por opção ter reduções de 3% ano no PIB bate qualquer dia da semana conscientemente promover contracção de 40%-50% do PIB num só ano…. Contudo, para quem é de esquerda isso é matéria de certa forma irrelevante. A opção escolhida (austeridade), tal como é apresentada diariamente aos portugueses dominada pelos seus efeitos negativos provoca no cérebro de esquerda mais erros do que uma versão beta do Windows. Se todos os dias na televisão passasse 20 minutos de segmentos mostrando o que seria a nossa vida fora do euro e com uma contracção do PIB a rondar os 50% no essencial todos estes “erros na ACC” tinham um contributo bastante mais reduzido para o average das consequências nefastas que a nossa actual situação elícita. Para alguém de direita a única pergunta que faz todos os dias é “are we there yet? Are we there Yet?” e todas as estratégias de delonga, de dilação, são profundamente perturbadoras porque só servirão para prolongar aquilo que (na sua opinião) é inevitável, aquilo que ele (certo ou errado) tem como expected outcome.
Reparem que nenhuma das duas formulações parece ser verdadeiramente correta ou se quiserem apropriada. Ser escravo do carpir das presentes agruras, com vista ao presente hedonístico (alivio das condições), não vai resolver nada (atira-nos para fora do euro quando muito) por muito folclore que seja feito e por muito bem até que descreva as falhas racionais subjacentes à opção da direita (baixa utility do esforço) que falha porque uma dívida pública de 130% do PIB dificilmente será pagável ou resolúvel mesmo que se atinja equilíbrios macroeconómicos nem sequer sendo claro que existe uma recompensa futura que nos vai permitir não pagar a dívida (parte) e continuar no euro.
Quem é capaz de formular então as proposições corretas?
Haidt é importante nesta conversa. E é importante porque sendo ele parte de uma comunidade, a da psicologia social, onde mais de 90% se identificam como de esquerda ou extrema-esquerda soube tomar o comprimido vermelho e olhar para as pessoas do outro lado da barricada. Conta ele que decidiu que iria descobrir o que havia de errado com o cérebro das pessoas de direita e nesse sentido partiu para uma investigação pelas mais diversas culturas procurando descobrir aquilo que era comum a todos.
Haidt descobriu que os humanos, nas suas diversas formas culturais, possuem essencialmente 5 pilares morais, 5 fundamentos éticos (agora passou a 6) :
Contudo Haidt reparou que as pessoas que eram de esquerda somente valorizam dois dos pilares (harm/care e Fairness/reciprocity) e são as pessoas de direita que verdadeiramente incorporam todo o espectro. Olhando graficamente para a representação gráfica destas diferenças, encontramos as pessoas de direita a valorizar todos os cinco botões do equalizador moral e as pessoas de esquerda no máximo do Harm/care (tal como os de direita), no máximo do fairness/reciprocity (ligeiramente mais alto que os de direita) e depois uma queda brutal nos outros 3 pilares (ao contrário das pessoas de direita que mantém sempre lá em cima). Como Haidt explicou no Colbert report na verdade as pessoas de direita são … mais complexas. E Haidt não esconde (tendo sido ele um Liberal a vida toda) que as pessoas de esquerda têm uma vida moral, uma vivência moral, bem mais pobre que as pessoas de direita e isso parece revelar-se no facto de as pessoas de direita, aparentemente, serem mais felizes.
Durante décadas todo o postular moral tem sido feito com base nos dois primeiros pilares e isso hoje em dia é notório na literatura, nos media, nos canais de informação, Harm/Care -Fairness/reciprocity, Harm/Care-fairness/reciprocity , Harm/Care-fairness/reciprocity … mas nada sobeja para os outros pilares. Como todos, de esquerda e de direita, possuem aqueles dois pilares é uma aposta segura para as fórmulas de comunicação e do ponto de vista de quem é de esquerda correta… mas para quem não é de esquerda falta as restantes componentes e isso pode estar a revelar-se num alheamento destes perante o este novo mundo da esquerda.
As pessoas de esquerda não saberão onde parar. Disso tenho a certeza. Porque obviamente só quando o mundo fosse momentaneamente à sua medida estaria bem. E o mundo à sua medida não será nunca, antes estará (presente). A esquerda (nos processos cognitivos de avaliação) não tem bem passado nem futuro . As apreciações ocorrem sobre o presente em detrimento das circunstâncias do tal passado e sem medir propriamente as consequências (valor expectável) no futuro… tudo está sujeito às condições do presente e isto nasce da prevalência total da working memory da DLPFC que serve para se navegar o momento actual e influencia grandemente os seus processos de avaliação e de decisão.
As pessoas de direita viverão num mundo à medida de pessoas de esquerda até um certo ponto mas chegará o momento em que será um mundo formalmente demasiado normativo e como tal não funcional (para ninguém) - Não é por mero acaso que as pessoas de esquerda não se organizam e vivem num mundo de esquerda só deles. Pessoas de esquerda habitam habitats, mais ou menos, de direita. Sendo mais de metade da população mundial tão simples que era essas pessoas de esquerda fazerem uma comunidade só deles (fácil de organizar neste mundo de social media) e num ápice transformavam o mundo… mas porque não acontece?
Ora, as sociedades ocidentais ainda são suficientemente flexiveis para que ambos os fenótipos ideológicos encontram mecanismos para organizarem as suas existências… contudo deverá chegar a um ponto, penso que não muito longe no futuro, em que isso não se verificará. Aí resultarão meramente duas hipóteses: Existir uma forma de opt-out para as pessoas de direita, uma opção de saírem e viverem num ambiente menos formalmente normativos, mais karmatico, com passado e futuro, regido por regras de expected outcomes, pelas consequências das acções tomadas no passado com base no valor atribuído à opção escolhida… ou, alternativamente, como sempre acontece, será um reagir violento, muito violento – E convenhamos, já não há necessidade, nem pachorra, para coisas violentas!
http://www.youtube.com/watch?v=jHc-yMcfAY4
Primeiro a motivação. Um facto que amiúde me arrelia: Nos media muitas vezes se coloca a questão se ainda faz algum sentido falar de esquerda/direita. Tendo em conta que por norma a questão não se coloca quando se fala exclusivamente de esquerda, porque não escasseiam as vezes em que se fala da esquerda, da nova esquerda, da esquerda unida, da terceira via, isso só pode querer significar que não faz sentido porque por esta altura já devemos (deveríamos) ser todos de esquerda. Deve ser o tal caminho progressista.
Contudo deixem-me deixar claro: Você nasce de esquerda ou de direita... bem, algo como 60%.
Está nos genes (ou na epigenética, o modo como os genes se expressam) e isso pode não implicar que somos espécies diferentes (óbvio) mas pelo menos implica que somos de géneros diferentes. Toda esta conversa presumivelmente terá começado com as os gémeos siameses separados à nascença e que mantinham elevada correlação ideológica um com o outro e com os progenitores. Se os pais eram de direita, podia ter sido criado pelo líder do partido Democrata lá do burgo que na idade adulta virava republicano. Jonathan Haidt terá clarificado as águas ao descobrir que as pessoas de esquerda regem, essencialmente, os seus postulares morais por unicamente dois dos cinco pilares que se encontra nos humanos em todas as sociedades. Começaram verdadeiramente a tocar as campainhas com ryota Kanai e Darren Schreiber. O primeiro descobriu que as pessoas de esquerda possuem uma Anterior Cingulate maior e as pessoas de direita uma Amygdala e Right Entorhinal Cortex maior e o segundo, Schreiber, fez a descoberta que faz toda a diferença: Com uma correlação de 0.80 consegue-se saber se alguém é de esquerda ou de direita meramente visualizando por imagiologia de ressonância magnética o cérebro em funcionamento durante processos (jogos) de decisão - Se é de esquerda activa a Insula, se é de direita activa a Amygdala. E se tem alguma ilusão do impacto que tem o sistema límbico (emocional) nos seus processos de decisão então comece um longo caminho por António Damásio, Haidt, Joshua Green, etc. Antes de sequer você ter noção o seu sistema limbico decide e posteriormente as partes mais evoluídas do cérebro tornam-se excelentes advogados dessa decisão. Mas para perceber mesmo, mesmo, as diferenças no género existe outro axioma. Quem é de direita vê, sente, percepciona o mundo pela AOV (Amygdala- Orbifrontal córtex –ventromedial prefrontal cortex) Quem é de esquerda pela IAD (Insula-Anterior Cingulate Cortex- Dorsolateral prefrontal cortex) . Descobrir o que cada uma destes componentes ou áreas do cérebro fazem é descobrir que todos os estereótipos sobre a esquerda e a direita são verdadeiros. Siga o AOV e terá a descrição de alguém de direita, siga o IAD e terá o comprovativo de todos as características de alguém de esquerda. E este blog é sobre os estereótipos não sobre as pessoas - Sim, se é de direita é egoísta, xenófobo e até racista. Se é de esquerda é um invejoso e hipócrita de todo o tamanho.
Tal como a barra de ferro que em 1848, em Vermont, atravessou o cérebro de Phineas Gage destruindo-lhe o VMPFC (ventromedial prefrontal cortex) e mudando a sua personalidade, siga este blog e talvez, meramente talvez...!
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