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Eu não me conformo.
Isto no seguimento do post anterior, porque não consigo digerir o trabalhinho do Bernadinho do polígrafo.
Em variadas outras áreas ao longo dos últimos 20 anos tenho assistido a todo o tipo de destruição do que era ciência tão mais saliente quanto mais essa ciência se alinhou com a política. Como dizia o outro, junta ciência e política, chocalha e no fim fica… política. Digo eu, junta ciência com ideologia, chocalha e no fim fica …. vergonha!
Aliás vergonha alheia é o que sinto ao ler as declarações de Luísa Pereira. Ou do outro senhor que nem me vou dar ao trabalho de ver para aqui reproduzir outra vez.
Estava a ler um paper de guo et al de 2020 e entre as imagens do paper está este heatmap com o fst fixation index que mede a distância genética entre populações. Aliás o paper é para mostrar que com um número incrivelmente pequeno de SNPs do ADN o programa deles consegue descobrir a ancestralidade de um criminoso.
Esta imagem acima, vale a pena ver com atenção.
Se os peritos, os cientistas que o poligrafo pediu para comentar as declarações tivessem razão esta imagem não existiria!
Reparem a imagem são 4 colunas e 4 linhas. No topo tem umas cores que significam os continentes. Amarelo asiáticos do este, vermelho Africanos, Azul Europeus, e verde indianos (subcontinente com punjabs, paquistaneses etc).
E como podem ver, um programa informático agarra em genomas de pessoas reais do 1000 genome project e coloca-os, arruma-os por continente! A mancha azul mais escura na diagonal mostra que a coluna dos amarelos alinha com a linha dos Amarelos a coluna azul alinha com a linha azul e restantes grupos populacionais. Se Caucasianos não existisse, se europeus não existisse, se fossemos de todo o lado então não haveria esse alinhamento de colunas com linhas, não era?
Um programa informático sabe instantaneamente e sem falhas a que continente aquela pessoa pertence, mais curioso ainda a atribui a que grupo populacional inclusive ele pertence - Foram buscar Africanos, de várias áreas, mas também Afro-americanos do sudeste dos EUA e o programa sabe quem é quem. Ou que o programa sabe que as pessoas do CEU (Utah residents with Northern and Western European ancestry) lá no meio dos EUA são europeus e não se distinguem dos Europeus da Europa, dos caucasianos da Europa!
Que esta gente ache que o futuro deva ser como os negros norte-americanos (ASW) que em média possuem mais de 30% de genes europeus, daí que apareçam a azul (clarinho) no heatmap é uma questão de crença pessoal e que obviamente podem e devem defender as suas visões de futuro. Mas uma coisa diferente é negar aquilo que é uma realidade aos dias de hoje e especialmente negar a discussão sobre esse futuro se é o futuro que as pessoas realmente desejam. Aliás primeiro podem ir perguntar aos chineses se eles acham bem que as suas etnias se extingam.
Se a Dra Luísa Pereira tivesse correta esta imagem acima não existiria e os azuis estariam por todo o lado na imagem e não concentrados no seu continente como de facto acontece. E bem alinhadinhos estão genéticamente as pessoas.
E não se iludam com os números. - 1 é a distância de um humano para um chimpanzé! Logo 0,? Alguma coisa indica que estamos a falar de populações há demasiado tempo separados para criar uma quantidade enorme de polimorfismos, SNP e alelos, e essas… mutações, é aquilo que também é usado para se perceber se aquela população é lactose intolerante ou não, se é loira ou morena, etc.
Esse isolamento cria pessoas não só com genética diferente como muitas outras coisas que hoje em dia não sabemos. E essas diferenças devem ser interpretadas como força da espécie humana e não fingir, e mais grave, proibir inclusive qualquer referência a essas diferenças. Fingir realidade nunca resultou e não irá resultar nunca.
Fst.
“The fixation index (FST) is a measure of population differentiation due to genetic structure. It is frequently estimated from genetic polymorphism data, such as single-nucleotide polymorphisms (SNP) or microsatellites. Developed as a special case of Wright's F-statistics, it is one of the most commonly used statistics in population genetics.”
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