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Estive fora e ao final do dia de Quinta-feira o CEO da empresa onde fui pediu-me para me juntar a ele ao jantar numa esplanada onde ele estava com a esposa e a enteada. A explanada transpirava a alguma normalidade pós covid com uma temperatura agradável como só as ilhas conseguem produzir e gente jovem por todo o lado.
A conversa dele com a filha (enteada) descambou para as opções políticas dela aos 20 anos. O esquerdismo dela faz-lhe muita confusão e ele esforça-se para entender. Limitei-me a observar. E nunca me tinha apercebido que o wokismo é como o racismo: Até tem piada brincar, mas visto ao vivo é uma coisa ignóbil e asquerosa. Não estava à espera. Abstratamente lido muito com o wokismo mas não era frequente as vezes em que via ao vivo para ser sincero. Fica-te uma sensação estranha no estômago, mas que não é muito difícil de entender. – Percebes que é gente que vem aí para te apanhar e tu não estás verdadeiramente preparado para lutar ao nível de obstinação que observas.
Uma jovem de 20 anos, que tudo à sua volta foi privilégio super-elitista. Melhores escolas privadas (Miami, Reykjavik, Lisboa…) Universidade de topo agora no Reino Unido), casas de sonhos e expenditures de princesa. Contudo, entrando na academia anglo-saxonica dois anos depois não consegue ter uma conversa intelectualmente significativa sobre assuntos como o capitalismo fora dos memes, mantras e lengalengas da nova religião do wokism. - Até para verbalizar as coisas ela frequentemente recorre a repetir as mantras em inglês. No justice under capitalism, want workers pay more, no ethical consumption under capitalism, etc.
Observando as tentativas de trocar ideias entre aquelas duas pessoas que sei inteligentes foi ..curioso. Cedo percebi que aquilo, nela, não ia entrar nada. Existe nestas pessoas (que já tinha notado antes) uma opacidade na reação aos argumentos contrários que nos diz que na verdade entrou nada. Não ouviram verdadeiramente nada do que o outro disse. Fiquei ali calado a observar enquanto me entristecia o futuro e a certeza que quaisquer que fossem as consequências no futuro não a iriam atingir porque ela irá sempre viver debaixo de “fuck you Money”… dele.
Depois a conversa descaiu para as alterações climáticas e ela falava como se fosse muito entendida. Ele virou-se para mim e perguntou o que eu achava, se concordava com ela… ui.
Mostrei-me muito interessado no conhecimento dela e nos factos científicos que ela conhecia e perguntei:
sim? olha qual é que achas que é então o ECS correcto? E como vês que isso se traduz no TCR? ; E já agora, qual dos cenários RCPs é que achas que vai ser realidade no futuro?
Com ar confuso dela ela diz que não entendeu nada do que eu perguntei, que só tinha ouvido siglas que nunca tinha ouvido. Aí eu disse, olha, M. então não sabes nada sobre o assunto. Nada. Porque as duas únicas perguntas que interessa para sequer se ter opinião são aquelas. Se nem entendes a pergunta não entendes nada. Como se chama a uma pessoa que acredita mesmo, mesmo, mesmo numa coisa que não percebe nada sobre?
Conversa ficou por ali. Acho que ganhei uma extensão no contrato!
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